A Guatemala estava em choque nesta sexta-feira, após um deslizamento de terra que deixou 30 mortos e cerca de 600 desaparecidos, em meio às chuvas que caem no país.
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– Temos 29 vítimas identificadas, e uma não identificada – disse Sergio Cabañas, comandante de incidentes da Coordenadoria Nacional para a Redução de Desastres (Conred), ao comentar o deslizamento de quinta à noite no município de Santa Catarina Pinula, 15 km ao leste da Cidade da Guatemala.
Segundo o presidente, Alejandro Maldonado, o número de vítimas deve aumentar nas próximas horas, já que há ao menos 600 pessoas desaparecidas devido ao incidente ocorrido na localidade El Cambray II. Ele disse ainda que cerca de 125 casas foram afetadas pelo deslizamento. Segundo ele, entre os mortos há pelo menos três crianças.
Os mais de 500 socorristas – entre bombeiros, soldados e policiais – que trabalham no resgate suspenderam as operações na noite desta sexta, por medida de segurança, diante da escuridão e da ameaça de mais chuvas. Conforme o jornalista David de León, porta-voz da Conred, os trabalhos de resgate serão retomados às 6h deste sábado no horáriop local (9h em Brasília).
Em meio ao panorama desolador e ao luto, Josué Coloma, um mecânico de 40 anos, observava o trabalho dos socorristas que buscavam seus dois sobrinhos, de 11 e 14 anos, desaparecidos no deslizamento.
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– Neste ponto exato deveriam estar meus sobrinhos. Peço a Deus que estejam bem – declarou Coloma à AFP.
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No local, foram resgatados outros dois parentes do mecânico que estavam com os menores no momento da tragédia. Os pais sobreviveram, porque voltavam de uma cerimônia religiosa.O deslizamento ocorreu em zona declarada de alto risco por estar próxima a um morro e a um rio.
– Somos um belo país, mas infelizmente somos muito vulneráveis a esse tipo de catástrofe – lamentou o presidente Maldonado, ao anunciar que a comunidade internacional já ofereceu apoio.
De acordo com dados da Conred, após o deslizamento, 34 pessoas foram resgatadas com vida, 25 ficaram feridas, e 43 estão em um abrigo do governo.
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– É muito difícil o trabalho de resgate, devido ao terreno acidentado. É praticamente como uma montanha – disse o socorrista Cecilio Chacaj, momentos antes de resgatar um homem com vida sob os escombros.
De acordo com autoridades da Conred, em várias ocasiões, recomendou-se transferir as famílias para um outro local pelo risco de desmoronamentos. Um dos últimos relatórios, emitido pela entidade em novembro passado, afirmou que deveriam ser aplicadas medidas para prevenir algum desastre “de maneira imediata”.
“De maneira geral, pode-se considerar como soluções possíveis a realocação da comunidade afetada, parcial ou totalmente (…), em locais que tenham condições aptas para moradia”, destacou o relatório.
Vários familiares informaram estar recebendo mensagens de texto de pessoas que estão soterradas.
Voluntários arrecadam mantimentos aos desalojados
Após a tragédia em Santa Catarina Pinula, meios de comunicação, instituições públicas e grupos por meio de redes sociais começaram a arrecadar água, alimentos e cobertores para os desabrigados.
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A embaixada dos Estados Unidos na Guatemala emitiu um comunicado para expressar “suas mais profundas condolências” às famílias das vítimas. Diplomatas de Cuba colocaram à disposição das autoridades guatemaltecas cerca de 500 membros da missão médica mobilizada no país.
A temporada de chuvas que começou em maio e se prolonga até novembro já havia deixado oito pessoas mortas antes da tragédia em Santa Catarina Pinula, segundo dados oficiais. Em 2014, a temporada causou 29 mortos, dois desaparecidos, 25 feridos, 655.201 afetados e 9.061 casas com danos, detalharam as autoridades da Defesa Civil.