A região metropolitana de Florianópolis atingiu no ano passado seu patamar mais grave de desigualdade econômica ao menos da última década. A cidade passou a ter ainda em 2021 mais de 120 mil pessoas abaixo da linha da pobreza, outro recorde em 10 anos.

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O cenário foi identificado pelo recém-publicado Boletim – Desigualdade nas Metrópoles, que usa dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para entender a diferença na distribuição de renda na cidade, ele calcula o chamado Coeficiente de Gini, um índice que vai de 0 a 1 — quanto maior o número, pior é a desigualdade.

Em 2012, o coeficiente ficou em 0,454. Desde então, ele apresentava variações e chegou a atingir seu menor patamar em 2019 (0,422). Desde o início da pandemia, no entanto, o índice deu um salto brusco e chegou a 0,484 no ano passado, o que mostra o aumento da concentração de riquezas nas mãos de um menor número de pessoas.

Apesar da piora, o número ainda é o segundo menor do país na comparação com as demais regiões metropolitanas. O agravamento da desigualdade em Florianópolis ainda repete uma tendência nacional. O Coeficiente de Gini médio das grandes cidades ficou em 0,565 no ano passado, também o maior valor na década.

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Nos anos de pandemia, houve queda da renda média das famílias em Florianópolis, que ficou em R$ 2.282 no ano passado. A situação foi ainda pior para a faixa dos 40% mais pobres na região, que tiveram em 2021 a sua menor renda média dos últimos 10 anos, em R$ 761,40 — ainda assim, o maior valor no país.

A renda desse grupo no ano passado era 11,5 vezes menor do que a dos 10% mais ricos da região metropolitana de Florianópolis, também a maior diferença na década, segundo verifica a pesquisa feita em parceira pela PUCRS, o Observatório das Metrópoles e a RedODSA. A diferença também foi a menor alarmante do país.

Ainda no ano passado, foi identificado que 9,9% da população da metrópole catarinense estavam em situação de pobreza, outro recorde na série histórica, o equivalente a 106.835 pessoas. Já 1,3% (13.505 moradores) sobrevivia em condição de extrema pobreza, cenário que só esteve pior em 2018 no período de análise.

Os percentuais de pessoas abaixo da linha da pobreza também eram os menores se comparados aos das outras regiões metropolitanas. O número absoluto de pessoas nessa condição no Brasil todo saltou para 77,4 millhões no ano passado, também um recorde negativo em 10 anos.

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O que diz a prefeitura

“A Prefeitura de Florianópolis entende que o cenário apontado pelo coeficiente demonstra uma variação significativa que pode ter sido influenciada, principalmente, pela pandemia da Covid-19. Mesmo com ações em diferentes frentes para mitigar os efeitos do período na cidade, a Capital não deixou de ser impactada pelo cenário de crise econômica que atingiu todo o Brasil, situação que refletiu nas condições de renda dos cidadãos do País.

É importante informar ainda que, mesmo com o aumento do índice identificado pela pesquisa, o resultado mais recente mostra que Florianópolis teve um dos três menores aumentos do coeficiente entre as regiões analisadas pelo estudo. Em 2019, antes da situação de emergência global, a Capital catarinense tinha atingido o melhor resultado em oito anos, com o índice de 0,422.

Com o intuito de reduzir essas disparidades, a Prefeitura de Florianópolis realiza um amplo trabalho junto à problemática por meio de diferentes medidas: encaminhamento para benefícios, acesso a serviços de complementação de renda e estratégias para melhoria das condições de cidadania, no que diz respeito ao mercado de trabalho, educação, saúde e bem-estar social. Vale acrescentar que em 2021 a Capital foi a maior geradora de empregos em Santa Catarina.”

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