Um pássaro desenhado por Natan Carneiro, um menino de 13 anos que luta contra a leucemia, ganhou asas para além do papel. Os pássaros de Natan, uma das cem crianças em tratamento oncológico no Hospital Infantil de Joinville, inspiraram a criação de lençóis para as camas do hospital.
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O projeto foi idealizado pelo designer Leonardo Colin, na conclusão do curso de design da Univille. A proposta era deixar a estadia das crianças mais acolhedor e lúdico.
– Sempre tive interesse em trabalhar em uma causa social. Minha orientadora tinha acabado de perder a mãe para o câncer. Juntamos os dois sentimentos e criamos o projeto.
A ideia foi viabilizada graças a um apoiador, que resolveu imprimir uma das oito estampas elaboradas, todas inspiradas nos desenhos de crianças internadas no hospital. Sensibilizada com a iniciativa, a Döhler estampou a criação inspirada no desenho de Natan. Foram mais de cem peças doadas ao hospital no início do ano.
A escolha pelas roupas de cama do hospital foi justamente pelo contato diário das crianças internadas com elas, afinal, muitas estão na cama na hora de receber medicação, descansar, se restabelecer. O ponto de partida foi a participação de crianças do setor oncológico do hospital, que foram entrevistadas. As perguntas eram simples: o que é felicidade para você? Como você desenharia a felicidade? As crianças criaram super-heróis, bonecas, árvores de Natal, além de muitas cores que ajudaram a compor as criações.
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– Natan foi o meu primeiro entrevistado. Muito tímido. Foi mais de uma hora só pra convencê-lo a participar – recorda Leonardo.
A experiência foi marcante não só pelo contato, mas também pelo fato de que uma das crianças entrevistadas veio a falecer. O trabalho foi dedicado a ela.
Natan é um garoto doce e tímido e não quis dar entrevista ou tirar fotos. Ficou “faceiro”, disse a mãe Soeli, ao saber do seu desenho nas camas do hospital. Há nove meses tratando a leucemia, mora em Xanxerê e vem uma vez por mês a Joinville para acompanhamento. Para ele, o seu pássaro tem um significado: liberdade.
Osnildo Francisco Pereira tem 13 anos, a mesma idade de Natan. Também tem leucemia. Ele é de Barra Velha e descobriu a doença em outubro do ano passado. Em uma das camas do hospital, fica surpreso ao saber que os desenhos na sua cama foram feitos por um jovem como ele. Tão tímido quanto o colega, fala pouco, sorri bastante. Seu cabelos não caíram com o tratamento, o que gera surpresa dos familiares e dos amigos feitos no hospital. Mas a rotina mudou.
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– Sinto saudade da escola, dos meus colegas. De jogar bola.
Quésia de Araújo Grellmann, supervisora de ações sociais do Hospital Infantil, ressalta a importância de atitudes como esta no dia a dia da instituição.
– O projeto vai ao encontro da proposta de humanização do hospital. E o desenho faz parte do desenvolvimento da criança. Pode parecer um rabisco para a gente, mas significa muito aos pais – ressalta.
O projeto de Leonardo Colin deu tão certo que virou dissertação de mestrado. Ele quer criar uma plataforma digital para comercializar as peças feitas em parceria com as crianças. Parte do lucro seria revertida a projetos no hospital. Interessados em financiar a nova fase do projeto podem entrar em contato pelo leonardo-colin@hotmail.com.