A designer Avril Accolla trabalha há 20 anos com o conceito Design for All (ou Design para todos). Ex-vice presidente da EIDD Design for All Europa, organização que reúne representantes de 23 países europeus, Avril veio pela primeira vez a Florianópolis para participar do Seminário Internacional da Bienal Brasileira de Design 2015, evento que encerra neste sábado na Fiesc. Avril, que atualmente divide seu tempo entre a Escola Superior de Artes e Meios de Comunicação da Universidade de Tongji, em Xangai, e seu estúdio de design em Milão, falou sobre design para todos e como ele pode mudar a sociedade.

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Diário Catarinense – O que é design para todos?

Avril Accolla – O design para todos se configura como um negócio ético, incorporado a um discurso de inovação, que tem um lado comercial das empresas, um lado social das instituições e o lado de inovação das universidades e institutos de pesquisa. E tem diferentes níveis de desenvolvimento nos distintos países, culturas. Não se pode falar em design para todos com um enfoque único no mundo, não é um conceito globalizado. Até porque o design para todos é a expressão do que é determinada sociedade naquele momento. Ele pode ser um conceito de como valorizar as diferenças humanas, que são nossas riqueza, e fazer negócio através disso. O design para todos permite que a empresa tenha retorno dos investimentos e em, em contrapartida, permite um desenvolvimento social positivo, sustentável. É uma maneira muito eficaz de unir crescimento econômico e desenvolvimento social.

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DC – Quais países se destacam hoje neste conceito, tem países que avançaram mais?

Avril – Depende de como é a sociedade e quão consistente é o desenvolvimento social e do design. Isso que penso que é ser avançado. Se fizermos uma comparação entre Estocolmo (Suécia), Milão (Itália) e Florianópolis, há muitas diferenças. Mas é totalmente antigo e, para mim, incorreto, escolher um modelo desenvolvido em um desses lugares e transplantá-lo para outro, porque isso é ineficaz. Então o conceito de mais avançado depende de quais são os problemas, objetivos, desafios, mistura cultural e de etnias daquela sociedade. O design para todos, se é absorvido profundamente, depois se desenvolve de forma coerente com a sociedade. E essa é a parte bela do design para todos. E por isso, em cada país, em cada lugar, pode ter uma cara diferente.

DC – Então o design para todos exige o envolvimento de diversos atores?

Avril – Sim, o conceito conversa com o mundo privado, as empresas; os idealizadores do projeto, que são os engenheiros, os arquitetos, os designers; as instituições, como as universidades; governo e ainda as pessoas. É tudo junto e sinérgico. E isso é uma das coisas mais difíceis. Por isso, é complexo conseguir tudo de uma vez. O ideal é começar por projetos-piloto. Então passo a passo vai conquistando as pessoas. E quando é de fato design para todos, as pessoas adoram e querem comprar ou utilizar, porque é confortável e de acordo com as necessidades da população. Os projetos-piloto são muito interessantes para países que ainda não têm design para todos ou estão começando, porque eles são muito flexíveis. Faz algo, vê se funciona, se deu certo e parte para outro. Não é útil fazer um projeto muito grande, que envolva muitas pessoas, mas que não saia do papel.

DC – Tem alguns exemplos na prática de design para todos?

Avril – Há projetos de espaços culturais acessíveis a todos, que encontramos em Espanha, Suécia e diversos outros países. Tem serviços de turismo para todos, como o Village for All, da Itália. Há exemplos também em soluções em automação residencial e tantos outros.

DC – O que podemos esperar do futuro?

Avril – O design para todos começa depois da Segunda Guerra Mundial e se desenvolve, principalmente nos anos 1980 e 1990. E começa a se estruturar mais na Irlanda, entre 1990 e 1993. Mas segue se estruturando e em evolução. E no futuro, o que posso dizer é que quando o design para todos se dissemina de fato, você já não o enxerga mais. Porque é tão natural integrar-se a produtos e serviços que são feitos sob medida para você, que já não se nota. Você só percebe quando algo não está cômodo.

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Programação

8h30min – O bem, o bom, o belo para todos – Bel Lobo (Brasil)

09h15min – Design para vender. Design para comunicar – Manuel Estrada (Espanha)

10h20min – Estamos presos no futuro? – Jorn Konijn (Holanda)

11h05min – O design consegue se reinventar? – Dan Formosa (Estados Unidos)

13h30min – Volkswagen design – Guilherme Knop (Brasil)

14h15min – Design na hiper-conexão – Jorge Montana (Colômbia)

16h15min – Design na era da criatividade – Edna dos Santos-duisenberg (Suíça)

17h – Atitudes inovadoras e ecossistemas criativos – Montse Arbelo & Joseba Franco (Espanha)

Local: Fiesc, em Florianópolis

Informações e preços em www.bienalbrasileiradedesign.com.br/seminarios

Inscrições no local do evento

Para comprar o pacote para assistir pela internet, acesse http://bit.ly/1HiEI5P