Quem chegou cedo às calçadas da Rua XV de Novembro para acompanhar o desfile do Dia da Independência até teve a impressão de que estaria em um espaço de disputa política. A passagem de pelo menos cinco sindicatos trabalhistas, associações e membros da população indígena no chamado Grito dos Excluídos, que tradicionalmente abre a atração cívica, trouxe faixas com pedidos de “Fora, Temer” e críticas a projetos como a terceirização e reforma previdenciária.

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Mas os brados políticos silenciaram a partir daí. A passagem da 1ª Companhia de Fuzileiros e de veteranos do 23º Batalhão de Infantaria (BI) deu sequência a um desfile marcado por aplausos e fotos com celulares. Sorrisos de crianças e adolescentes aproveitando para uma escapada com os amigos após desfilar. Bandeiras do Brasil agitadas por um vento frio e forte, capaz de bagunçar cabelos até mesmo de quem estava protegido pelo palanque de autoridades, como o prefeito em exercício Marco Antônio Wanrowski e alguns secretários.

Veterano da turma de 1999 do 23º BI, Juliano Luiz Bilau, 36 anos, fez parte do primeiro grupo que desfilou na Rua XV na manhã desta quarta-feira.

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– Foi uma satisfação muito grande, é uma data sempre importante e que nos faz relembrar o tempo de caserna. Além disso, permite reencontrar os amigos de batalhão – conta o veterano, que desfilou pela primeira vez com o grupo e acredita que no ano que vem o número de integrantes deverá superar os 40 deste ano.

Enquanto assistia à passagem das 18 fanfarras e dos alunos de 38 escolas, a moradora do bairro Valparaíso, Maria Soares, dizia-se emocionada com o primeiro desfile de 7 de Setembro, o primeiro que conferiu nos seis anos em que está em Blumenau. Solange Britzke, moradora do Garcia, não arredou pé da calçada próximo à Praça Dr. Blumenau, de onde viu com entusiasmo o desfile e acenou para os dois sobrinhos que integraram os pelotões de colégios.

– Sempre venho com meu marido, meus dois filhos e toda a família para prestigiar, porque eles se preparam muito para fazer esse desfile – conta.

O desfile seguiu por uma hora e meia com a passagem de grupos de escoteiros, Polícia Militar e bombeiros. Um dos pontos altos foi a passagem dos mais de 460 homens do 23º BI, uma das últimas atrações. Os passos firmes e gritos de guerra eram abafados pelos aplausos da população. Somente nesse momento algum tom de protesto voltou à cena, quando houve quem estendesse faixas com pedidos de “Intervenção constitucional”. O último grupo a desfilar era formado por manifestantes pedindo a liberação da fosfoetanolamina, com máscaras no rosto e aos gritos de “Quem tem câncer tem pressa”.

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