Mesmo sem repasse de recursos para as escolas de samba, o Carnaval de Joinville deste ano atraiu cerca de 10 mil pessoas para a avenida Beira-rio na noite deste sábado, de acordo com estimativa da Prefeitura. Foram seis blocos e seis escolas fazendo a festa na avenida até a madrugada, mesmo sob chuva no final da noite.

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Neste ano, a Prefeitura disponibilizou apenas a estrutura e as escolas se uniram para viabilizar o desfile. Em 2017, o desfile das escolas não aconteceu por falta de recursos. Para o diretor-executivo da Secretaria de Cultura e Turismo de Joinville, Evandro Censi, a retomada do Carnaval na cidade foi um sucesso.

— A prova de que se tem Carnaval em Joinville é o que estamos vendo aqui hoje. As pessoas vieram mesmo com a chuva — destaca.

Os seis blocos foram os primeiros a entrar na Beira-rio no final da tarde para animar o público presente. Em seguida, o grupo Afoxé passou lavando a avenida, como acontece tradicionalmente no Carnaval joinvilense. Um pouco depois das 21 horas foi a vez das escolas comecarem a festa.

A primeira agremiação a desfilar foi a Diversidade, com cerca de 450 componentes, 15 alas e três carros alegóricos. Eles levaram para a avenida o enredo “cada herói tem seu tempo, cada tempo tem seu herói”, homenageando figuras como madre Tereza de Caucutá, Ayrton Senna e Santos Dumont.

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Em seguida, a Dragões do Samba relembrou o passado e destacou o presente do Carnaval, desde Chacrinha à passagem dos trios elétricos. O enredo foi chamado de “o rei mandou cair na folia, Carnaval na Dragões é só alegria”. Foram cerca de 150 componentes, em nove alas e duas alegorias.

A terceira escola a desfilar foi a Príncipes do Samba desfilar. O enredo “ilha encantada terra dos meus amores, São Francisco do Sul” homenageou a cidade vizinha. Este foi o mesmo tema que levou a escola ao título do Carnaval de 1992. Foram cerca de 180 integrantes, divididos em 16 alas, uma alegoria e um tripé.

Por volta da meia-noite, a Fusão do Samba foi a quarta escola a desfilar na Beira-rio. Com 200 participantes, cinco alas e uma alegoria, eles tiveram o enredo “Fusáfrica”. Será uma homenagem à contribuição do povo africano na formação do Brasil em diversas áreas, como a dança, o esporte, a música e a gastronomia.

A quinta escola foi a Unidos do Caldeirão, com o enredo “o caldeirão de tecidos e rendas de um homem visionário”, em uma homenagem ao empresário e político Hermann August Lepper. Cerca de 200 participantes em dez alas e uma alegoria passaram pela avenida.

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Por fim, a Acadêmicos da Serrinha, escola mais antiga da cidade, desfilou com cerca de 150 pessoas em seis alas. O enredo “no colorido das flores viajei”, contou a história do bairro Saguaçu, antigamente chamado de Serrinha.

RAINHA DA FESTA

Rainha da escola Fusão do Samba há dez anos, Lilian Cristina da Rosa, 30, foi eleita rainha do Carnaval de Joinville na noite de sexta-feira.

— Já tinha participado do concurso uma vez, mas ganhar agora foi tudo de bom. O Carnaval está ótimo e a tendência é só melhor — contou.

Além de participar da realeza da festa, ela também desfilou pela escola do coração por volta da meia-noite.

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EXEMPLO NA AVENIDA

A psicóloga Carolina Beiro da Silveira, 31 anos, foi para a avenida inspirar e emocionar o público. Ela é cadeirante e ressaltou que cada vez mais as pessoas com deficiência estão participando dos desfiles de Carnaval

— Eu acho que tem que aparecer ainda mais porque isso é muito importante — destaca.

Ela desfilou pela escola Diversidade e carregava um placa defendendo o fim da violência contra a mulher. Segundo Carolina, homenagear Maria da Penha foi muito empolgante pelo significado que ela tem para o País.

FAMÍLIA E AMIGOS REUNIDOS

O designer João Luiz Cavalheiro, 40 anos, foi para a avenida com a esposa Cristina Tecchio, 34, e a filhinha Giovana. Foi a primeira vez de todos eles no Carnaval. A mãe fantasiou a filha como uma personagem de um desenho animado do qual a menina é fã e todos foram prestigiar o desfile.

— Viemos ver nossos amigos desfilarem. Achamos a festa muito legal e bem organizada — conta.

A amiga do casal, Gerlaine Martins, 42 anos, também decidiu levar o filho Lorenzo para a festa na avenida Beira-rio. Ela já desfilou em escolas de samba de São Paulo e São Francisco do Sul, mas neste ano quis apresentar o filho ao Carnaval joinvilense. O menino também foi fantasiado de um personagem de seu desenho favorito.

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AMOR PELO CARNAVAL

Ronaldo Adriano Tavares Baborsa, 28 anos, participou pelo terceiro ano consecutivo do desfile pela Dragões do Samba. Foi ele quem guiou e ajudou a empurrar uma das alegorias da escola em toda a avenida. segundo ele, o carro é pesado, mas isso também faz parte do trabalho.

— É um grande desafio porque você tem que se doar para a escola de samba. Você tem sua profissão, família, mas tem aquele amor pelo samba também, que faz você correr atrás para ajudar ao máximo sua escola — explica.

Ele ainda ressalta que o objetivo final da escola depende de todos os componentes, com cada um se doando de alguma forma para ajudar.