Quem tentava se aproximar da Passarela Nego Quirido, em Florianópolis, na manhã desta quinta-feira, feriado de 7 setembro, pôde perceber a concentração de veículos na Rodovia Gov. Gustavo Richard. Não se tratavam somente de carros de passeio, mas também de viaturas da Polícia Militar (que desfilaram com faixa preta em homenagem aos policiais mortos recentemente), Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Marinha, Exército e Força Aérea Brasileira. O motivo não era nenhuma ocorrência de segurança, como as que o Estado vem presenciando nos últimos dias, mas o desfile cívico-militar que lembra a Independência do Brasil, onde participaram cerca de 5 mil pessoas, entre civis e militares.
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Funcionária pública, Anny Beatriz de Freitas estava ansiosa pela passagem de seu filho de pouco mais de um ano e de seu marido. Eles estavam dentro do caminhão do Corpo de Bombeiros, ambos fardados, por conta do trabalho do próprio companheiro.
— Ano passado ele já participou, mas esse ano é que começa a entender o sentido disso tudo aqui — disse, orgulhosa, sem deixar de aplaudir todos que passavam.
Presente no desfile, o governador Raimundo Colombo comentou o contexto de insegurança recente.
— A Polícia Civil está terminando a operação com resultados muito fortes, e é assim que a gente tem que agir. Não podemos titubear — disse à rádio CBN Diário, a quem também reiterou que a doação da JBS teria sido feita “dentro da legalidade”.
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Antes das Forças de Segurança e das Forças Armadas, o público, que lotou as arquibancadas e o camarote da “avenida”, acompanhou o desfile de cerca de 1,5 mil anos da rede pública de ensino em Santa Catarina. Neste ano, participaram do evento em Florianópolis a EEB Maria do Carmo Vieira, a EEB Ivo Silveira (as duas de Palhoça), a EEB Laércio Caldeira de Andrade (de São José) e a EEB Ildefonso Linhares, além do Instituto Estadual de Educação e do Colégio Policial Militar Feliciano Nunes Pires (da Capital). Como de costume, essas unidades escolares aproveitaram o momento para mostrar à sociedade as atividades desenvolvidas — esportes, arte e cultura, demonstradas, por exemplo, pelo futebol, ginástica rítmica e artística, além das bandas marciais.
Entidades que representam a sociedade civil, como os Escoteiros de Santa Catarina e a Legião da Boa Vontade, também participaram do desfile cívico-militar. A religião esteve presente por meio do Colégio Adventista. Fora do desfile, nas arquibancadas, membros de igrejas evangélicas distribuíam folhetos bíblicos.
Ao final, no momento em que as Forças de Segurança e das Forças Armadas desfilavam, parte da plateia chamou a atenção. Eles pediam intervenção militar, intervenção cívica e monarquia parlamentar — não sem antes reforçar que as camisetas que vestiam eram verde e amarela, não vermelha, e pedirem o fim do comunismo.
A aposentada Maria do Carmo Soares não entoava esse coro, mas disse que participa ano a ano do desfile em Florianópolis. Para ela, é preciso demonstrar orgulho pela nação em qualquer circunstância e, mais do que isso, desejar que a situação econômica, política e social melhorem.
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— Apesar dos pesares, eu venho. É quase um ato político. Gosto de olhar para as crianças que participam e imaginar elas (sic) fazendo o melhor pela nação — comentou.
A comemoração aos 195 da Proclamação da Independência do Brasil em Florianópolis foi encerrada duas horas depois, próximo das 11h, com o apagamento da chama simbólica da Pátria, que havia sido acendida na última sexta-feira pela secretária-adjunta de Educação, Elza Moretto.
— Essa celebração sempre revive o princípio de cidadania, civismo, solidariedade e respeito à pátria. É importante juntar educadores, autoridades, alunos e comunidade nesse evento porque a conquista de uma nação forte, soberana e independente passa muito por quem faz educação.