A taxa de desocupação de SC atingiu 7,1% no ano passado, o maior índice da série histórica, que começa em 2012, revelou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. Embora o índice ainda seja o menor do país, o Estado teve o maior crescimento do desemprego durante a crise entre todas as unidades da federação. De 2014 a 2017, o índice aumentou 153,6%. Em 2014, a taxa de desemprego em SC era de 2,8%, e em 2016 o número atingiu 6,2¨%. No Brasil, conforme divulgado anteriormente, a desocupação atingiu 12,7% da população em 2017, também recorde.

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Em termos absolutos, houve um acréscimo de 170 mil pessoas desempregadas de 2014 até 2017, alcançando 270 mil desocupados no último ano. É natural que o desemprego tenha sido mais alto no ano passado, mesmo com sinais de recuperação da crise econômica. Isso porque em uma recessão os empresários resistem a demitir em um primeiro momento, já que a demissão é custosa, e depois demoram a repor os quadros.

Apesar da piora da taxa média em 2017, o Estado veio apresentando uma melhora gradativa ao longo do último ano, mesmo comportamento observado em nível nacional. Entre janeiro e março do ano passado, SC teve seu maior índice de desemprego para um trimestre, de 7,9%. Esse número caiu pouco a pouco até alcançar 6,3% entre outubro e dezembro, estável em comparação com o quarto trimestre de 2016, quando o número foi de 6,2%.

— O país ta passando por uma recuperação do emprego, mas que é lenta e gradual. Começou principalmente a partir de abril do ano passado, quando fechou o primeiro trimestre e atingiu um pico, e foi caindo. As perspectivas (para a economia) são melhores para este ano, mas o que nossas projeções mostram é que a recuperação do mercado de trabalho vai se estender por alguns anos – diz o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV, Bruno Ottoni.

Mesmo assim, ainda chama a atenção a taxa de subutilização da força de trabalho, que combina os desocupados, os subocupados por insuficiência de horas e os que fazem parte da força de trabalho potencial. Em SC e no país esse índice segue alto, mesmo enquanto o da desocupação cai.

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— O que está acontecendo, é que estamos vendo pessoas passarem do desemprego para a subocupação por insuficiência de horas. Então elas estão virando ocupadas, mas com empregos informais, empregos com poucas horas, e isso é preocupante. – avalia Ottoni.

Durante a crise, também houve aumento da informalidade. Enquanto no quarto trimestre de 2014 eram 1,779 milhão de catarinenses com carteira assinada no setor privado e 207 mil sem, nos três últimos meses de 2017 esses números passaram a 1,726 milhão e 232 mil. De 2016 para 2017, a informalidade cresceu 12% enquanto o emprego formal ficou estável. Além disso, entre 2014 e 2017, o número de trabalhadores por conta própria aumentou 11,7%, e o de trabalhadores domésticos teve alta de 12,4%.

O pesquisador ainda lembra que há a questão do bônus demográfico, com jovens entrando no mercado de trabalho a cada mês. Assim, além de absorver os desocupados, a criação de vagas precisa dar conta dos jovens que ingressam no mercado.

Para a pesquisa, o IBGE considera ocupadas as pessoas com 14 anos ou mais que exerceram ao menos uma hora de atividade remunerada na semana de referência, ou seja, na semana anterior à da entrevista dos pesquisadores. Os desocupados são os que fazem parte da força de trabalho e estão efetivamente à procura de serviço.

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Renda média caiu durante a crise

A recessão não só aumentou o índice de desocupação como reduziu a renda do trabalhador. Em 2017, a renda média real do catarinense era de R$ 2.316, 0,7% menor que em 2014. A variação é pequena, mas o natural é que se tenha um ganho com o passar do tempo. SC tem o quinto maior rendimento médio do país, ranking liderado pelo Distrito Federal (R$ 3.819).

PNAD Contínua X Caged

É importante diferenciar o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), levantamento do Ministério do Trabalho, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, do IBGE. O Caged leva em conta o saldo de empregos e contabiliza apenas saldo de vagas (admissões menos demissões) com carteira assinada. O índice do IBGE analisa o estoque da força de trabalho desocupada, e leva em conta ocupações com ou sem carteira. Conforme o Caged, SC liderou a criação de empregos formais no país em 2017, com saldo de 29,4 mil vagas.

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