A maior empresa estatal de SC, a Celesc, fechou 2012 com um prejuízo de R$ 258,4 milhões. Ao justificar o resultado, a companhia apontou os impactos do Programa de Demissão Voluntária (PDV), as despesas com energia termelétrica e, com impacto menor, a não renovação das concessões de algumas de suas plantas geradoras.
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O diretor de Relação com Investidores da Celesc, André Rezende, afirma que, apesar de o PDV ter gerado essa despesa de R$ 290 milhões, o impacto da economia com folha de pagamento será de R$ 500 milhões dentro dos próximos cinco anos.
Sobre os gastos com energia termelétrica, o diretor explica que, devido à escassez de chuvas agravada no segundo semestre do ano passado, que reduziu consideravelmente a geração das hidrelétricas, o sistema nacional precisou acionar todas as termelétricas do Brasil. O sistema é hidrotérmico. É normal que utilize tanto a energia hídrica quanto a termelétrica, quando preciso, mas não é comum na proporção que foi necessária em 2012.
Como a energia térmica é mais cara do que a hídrica, a Celesc gastou muito mais do que está acostumada. Além disso, a energia que a companhia pagou em outubro, novembro e dezembro foi a mais cara do período.
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Expectativa para que 2013 feche com lucro
Para agravar mais o quadro, o diretor explica que, na revisão tarifária que ocorreu em agosto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não previu o aumento considerável do custo de energia e acabou não reajustando para cima as tarifas.
Rezende disse que essa compra de energia não foi contabilizada dentro do ano regulatório, que é diferente do ano contábil da empresa. Sendo assim, o gasto extra não apareceu na normalização do resultado da companhia, em que são excluídos os impactos não recorrentes e não gerenciáveis do período. Segundo ele, se a compra do final do ano tivesse sido contabilizada, a Celesc teria fechado o período no azul, de acordo com a normalização de resultado.
Para 2013, a empresa está apostando na aprovação de um decreto federal que vai pagar pela energia térmica extra comprada pelas distribuidoras brasileiras. Esse dinheiro virá de um fundo regulatório nacional, que promete, também, segurar o aumento da tarifa para os consumidores. A expectativa do diretor da Celesc é fechar o ano com lucro positivo.
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Para Rafael Costa, analista de mercado e economista na Próprio Capital, o resultado da companhia reflete um desafio nacional que afeta o desempenho das empresas do setor.
_ O governo federal atua para reduzir tarifa, e isso é desejável e correto, mas afeta os resultados das empresas do setor. Em paralelo, são necessários fortes investimentos para atender à exigência crescente de energia e eficiência. Por isso, o mercado espera ajuste e novas medidas que devem melhorar o cenário _ concluiu.
Construção civil em alta
Saindo do setor energético, a realidade é outra para o da construção civil. A Portobello, de Tijucas, maior empresa de revestimentos cerâmicos da América do Sul, registrou um lucro de R$ 66 milhões em 2012, valor 169% maior do que em 2011.
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_ Nos últimos cinco anos, temos apresentado um crescimento consistente, na casa dos 20%. Esses resultados refletem não apenas o momento da construção civil brasileira, mas a nossa capacidade potencializar essa oportunidade, ao mesmo tempo em que promovemos otimizações e racionalizações em nosso processo de produção _ disse.
Neste contexto, a Portobello manteve foco no mercado interno, mesmo expandindo também as vendas para o exterior. A produção foi concentrada em produtos de maior valor agregado e o modelo de produção híbrido, que combina a fabricação própria junto com a terceirizada.
Os canais de venda Portobello Shop (maior rede de franquias do segmento) e Revendas Multimarca (home centers) apresentaram expansão na casa dos 20%. A Portobello Shop encerrou 2012 com 110 lojas.
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O analista de mercado e economista na Próprio Capital, Rafael Costa, argumenta que, em um cenário mais favorável, o setor imobiliário aquecido gerou um incremento de vendas.
Segundo Costa, a eficiência operacional e a estratégia agressiva de vendas da empresa foram responsáveis pelo aumento considerável dos lucros. Costa acrescenta que, em 2013, o mercado aposta na evolução das vendas e margens, o que pode ser favorecido pela prorrogação da alíquota zero de IPI até o final deste ano.