Na terceira Olimpíada que sedia, a Grã-Bretanha já tem o melhor resultado em cem anos. Depois de liderar o quadro de medalhas em 1908, ano do primeiro evento em Londres, o país gradativamente foi perdendo força nos Jogos. A luz vermelha foi acesa em Atlanta/1996, quando o remo conquistou a única a medalha de ouro na competição.

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Se engana quem pensa que é o incentivo da torcida que transformou a Grã-Bretanha novamente em uma potência olímpica em 2012. Uma política de investimento, criada em 1997 e copiada pelo Brasil em 2001, foi responsável pelo salto britânico no quadro de medalhas. A Loteria Nacional, concessão do governo mas operada por um grupo privado (Camelot), banca cerca de 60% do total de gastos do esporte de alto rendimento. Esse incremento, somado aos gastos públicos, fez o investimento na preparação de atletas quadruplicar, de R$ 190 milhões, em Sydney/2000, para R$ 837 milhões nesta Olimpíada, conforme reportagem da BBC.

A versão brasileira, conhecida como Lei Agnelo/Piva, repassa 2% da arrecadação bruta de todas as loterias federais aos Comitês Olímpico (85%) e Paraolímpico (15%). Para se ter uma ideia da diferença de investimento em relação aos britânicos, neste ano, foram aplicados cerca de R$ 60,9 milhões, oriundos da Lei, nas 29 confederações olímpicas brasileiras. Além dos valores, o diferencial talvez esteja na distribuição e na correta aplicação dos recursos. Atletismo, ciclismo, remo, vela e natação, modalidades tradicionais na Grã-Bretanha, receberam a maior parte dos investimentos. Não à toa, renderam 32 das 51 medalhas conquistadas até então.

A três dias do encerramento dos Jogos, o desempenho de Pequim foi superado, e o “bronze” do pódio do quadro de medalhas, garantido. O maior desafio dos britânicos, agora, começará assim que a tocha olímpica se apagar: manter a ascensão no Rio de Janeiro, em 2016.

A decadência australiana

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Na contramão da Grã-Bretanha, a Austrália, país-sede dos Jogos em 2000, vê seu desempenho afundar nos últimas olimpíadas. E a principal razão para a escassez de ouros e medalhas é justamente o carro-chefe do país, a natação. Nem o “fator Phelps” – o americano conquistou 22 medalhas nos últimos três Jogos -, e a precoce aposentadoria do nadador Ian Thorpe podem ser citados como desculpa. Em Pequim/2008, quando Michael Phelps conquistou oito ouros e já sem Thorpe, os australianos bateram um recorde de medalhas na piscina. Foram 20 no total, sendo seis de ouro _ cinco a mais que Atenas/2004, mas com um ouro a menos. Este ano, a Austrália viu apenas o revezamento 4x100m livre feminino subir ao topo do pódio, a única medalha dourada entre as 10 conquistadas na modalidade.