O relógio marca 17h34min e o sol começa a indicar o interesse por deixar a noite chegar. Nos lados recém-carpidos da Rua República Argentina, os maruins faziam a festa com pedestres que passavam pelo acostamento e com motoristas que colocavam o braço para fora do carro, tentando amenizar o calor em meio ao congestionamento.
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Essa via, no bairro Ponta Aguda, é famosa por acumular filas e mais filas de veículos em horários de pico. A proximidade com o Centro, a confluência com a Ponte dos Arcos e o intenso fluxo de carros e caminhões que tentam chegar aos seus lares se misturam com alguns motoristas que veem na sua pressa um motivo para cometer infrações.
Arriscando-se pelo lado direito, eles “podam” os colegas de estrada na incessante procura de ganhar uns metrinhos a mais e, sem saber – ou então na mais pura esperteza -, passam sobre faixas de canalização demarcadas no chão, cortam a frente e recomeçam o objetivo de chegar o mais cedo possível seja lá onde for.
O exemplo é específico, mas vale para dezenas de outros pontos em Blumenau que convivem não só com congestionamentos, mas com pessoas que procuram formas de amenizá-los ao se aproveitar de uma ou outra brecha. É assim também na Rua 1º de Janeiro, pouco antes da 2 de Setembro.
Acumulados do lado direito, aqueles mais calmos aproveitam o som da música light no rádio ou então das piadas algumas estações acima para passar o tempo. Respirar fundo, ali, é um pré-requisito, tal como para aqueles que esperam na Rua São Paulo para acessar a Rua Bahia e são impiedosamente ultrapassados.
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Você aí, lendo essa matéria, aposto que pensou em alguma situação também. Seja na Avenida Beira-Rio com a José Ferreira da Silva ou então na Ponte do Tamarindo antes da empresa Cremer, encarar os motoras malcriados é algo comum.
Para os motoristas que ficam calmamente esperando o trânsito fluir, a má educação de outros força um punhado de paciência. É preciso respirar (muito) fundo para não cair na tentação de cometer o mesmo erro e até mesmo para evitar acidentes. Parado na República Argentina, um condutor atende à reportagem e, enquanto esperava ansiosamente para poder utilizar a primeira marcha, questiona aqueles que se aproveitam da brecha.
– Se todo mundo ficasse bonitinho na fila, não daria esse problema todo. O congestionamento se agrava porque a gente tem que dar a vez para aqueles que vêm pela direita – destaca instantes antes de seguir viagem.
Na opinião da educadora de trânsito Márcia Pontes, a má educação desses motoristas tem um fundo instintivo, de querer se sobressair perante os demais em uma situação em que, na prática, todos estão impotentes.
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– São as roubadinhas do dia a dia. É o desejo de estar na frente, de se destacar na manada. São motoristas que querem levar vantagem, sair na frente, e que não conseguem ser racionais a ponto de entender que não vão conseguir um grande ganho ao ter essa atitude – avalia.
Efeito cascata
forma mais gargalos
Para os especialistas, os erros cometidos por motoristas que resultam em infrações não trazem apenas o problema pontual, ou seja, no local específico onde ocorreu e fato. Todo o trânsito acaba sendo prejudicado, o que culmina em um efeito cascata que colabora na formação dos gargalos.
– Compromete a fluidez da via, aumenta a falta de segurança e o risco, além de prejudicar a qualidade de vida no trânsito. Você cria estresse, irrita outros motoristas. Nossas ruas já estão congestionadas, e os caras conseguem deixá-las piores – questiona Márcia Pontes, ao se referir sobre os condutores que cometem essas infrações.
– Dependendo do horário, o impacto trazido torna impossível recuperar a fluidez que seria aceitável em um curto espaço de tempo – finaliza o agente de trânsito Tarcísio dos Santos.
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Já na opinião dos motoristas, o que mais irrita é a falta de duas coisas: educação por parte de outros condutores e fiscalização no que diz respeito ao poder público.
OS ERROS
Rua Uruguai
O que ocorre:
? Por conta do fluxo intenso de quem vem pela Avenida Brasil, Rua das Missões e 2 de Setembro, há formação de fila na Rua Uruguai para os carros que pretendem acessar a Beira-Rio. Como o fluxo pela esquerda é livre, alguns motoristas vão até o fim da via, próximo ao Tip Tim, e cortam a frente de outros.
Valor da multa:
R$ 130,16 + 4 pontos na carteira
Rua Bahia próximo à Rua Fritz Mueller
O que ocorre:
? Motoristas que vêm sentido Indaial-Blumenau, quando chegam próximo à rotatória de acesso à Rua Fritz Mueller, em vez de fazer o contorno, avançam o veículo sobre a faixa contínua branca onde a preferência é de quem faz o retorno.
Valor da multa:
R$ 130,16 + 4 pontos na carteira
Rua São Paulo com a Rua Bahia
O que ocorre:
? Quando o trânsito começa a se formar próximo à praça da Gaitas Hering em horários de pico, os motoristas posicionam o carro à direita para poder acessar a Rua Bahia. Na faixa da esquerda, porém, alguns condutores, em vez de convergirem à esquerda sentido Rua Engenheiro Paul Werner, avançam e cortam a frente de outros veículos.
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Valor da multa:
R$ 130,16 ou R$ 880,41 + 4 a 7 pontos na carteira
Saída do Complexo do Badenfurt em direção à BR-470
O que ocorre:
? Devido ao fluxo na BR-470, condutores precisam aguardar à esquerda na saída do Complexo do Badenfurt para poder acessar o Trevo de Pomerode. Muitos motoristas, para não ficar na fila, avançam pela direita e entram na rotatória. Ali, em alguns casos, ainda por cima acabam trancando o trânsito na rodovia federal e cometendo duas infrações.
Valor da multa:
R$ 130,16 + 4 pontos na carteira
Rua República Argentina
O que ocorre:
? Em horários de pico, o trânsito para no sentido Ponta Aguda-Centro, formando filas. Para tentar ganhar tempo, motoristas avançam pela direita, no estreitamento da pista, passam sobre a marca de canalização e cortam a frente de outros veículos.
Valor da multa:
R$ 880,41 + 7 pontos na carteira