Museu vira motivo de tristeza para família
A filha do artista plástico Fritz Alt, Gisela Regina Alt dos Santos, 74 anos, não gosta nem de falar no assunto. O Museu Casa Fritz Alt está interditado desde março de 2010 e não há previsão para o início das obras de restauração.
Continua depois da publicidade
Enquanto isso, na casa onde ela morou até os 22 anos e que guarda as memórias da família, os objetos pessoais e boa parte do acervo do pai correm o risco de se deteriorar. Para ela, é tão doloroso ver o estado de abandono em que se encontra o museu que prefere nem tocar mais no assunto.
– Nem tenho ido mais lá, mas me garantiram que o acervo está bem guardado – diz.
Continua depois da publicidade
– Da última vez que ela foi ao museu, ficou arrasada e desde então ela não quer ir mais lá, porque traz muita tristeza – conta o marido de Gisela, Orlando Zacarias do Santos.
– Isso é um desrespeito com a memória do artista – diz.
A família está indignada com a situação e já cobrou providências por parte da Fundação Cultural, que alega que nenhuma empresa se interessou por executar as obras. Por isso, estuda reavaliar os preços e abrir nova licitação.
– Somos aposentados e não temos condições de ajudar, senão até ajudaríamos – diz Oscar.
Um reconhecimento que perdeu o brilho
O busto e o nome de Maria Amin Ghanem em frente à escola, no Aventureiro, foram uma homenagem à professora que durante anos lecionou na rede estadual de ensino. Mas a faixa de interdição da Vigilância Sanitária, que durante meses ficou fixada na porta de entrada da escola estadual, tirou o brilho da homenagem, na opinião de familiares, amigos e ex-alunos da saudosa professora.
Continua depois da publicidade
– Foi uma tristeza ver a escola fechada – diz a irmã da professora, Matilde Amin Ghanem.
Para a amiga Clotilde Macedo Machado, 85 anos, que foi professora e auxiliar de Maria Amin Ghanem nos tempos em que ela foi diretora do Colégio Rui Barbosa, a interdição representou, sobretudo, uma falta de respeito com a memória de uma pessoa que dedicou a vida à educação.
– Ela era uma referência em Joinville – diz Clotilde.
A homenagem, segundo ela, foi um passo importante para valorizar a professora.
– Mas eles deveriam pensar também na manutenção. É lamentável que uma escola tenha chegado ao estágio de passar por uma interdição.
A boa notícia é que a escola, interditada no fim do ano passado e reaberta no dia 2 de maio, deve passar por reforma no segundo semestre deste ano. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Regional, o edital de licitação para a obra de reforma geral da escola, orçada em R$ 2,2 milhões, deve ser lançado até julho.
Continua depois da publicidade
Igreja lamenta desrespeito à memória de Padre Carlos
Para a Igreja Católica, é lamentável que o prédio que leva o nome do primeiro padre de Joinville, Carlos Boegershausen, esteja abandonado desde 2009, depois que o CEI foi desativado. Até porque o vigário foi um precursor da educação na cidade.
Foi o responsável pela abertura da primeira escola estadual do município, o Colégio Conselheiro Mafra, anexo ao CEI. Para a Igreja, a situação deplorável do prédio é um desrespeito à sua memória. Em nota oficial à imprensa, a Igreja declara que, assim como a sociedade, deseja que toda obra pública esteja bem conservada e cumprindo a finalidade para a qual foi criada, independentemente se o nome é relacionado a algum membro da Igreja.
– Quando se dá o nome de alguém a uma obra, essa obra o reverencia e, se está malcuidada, de certa forma a imagem negativa é associada à pessoa. Por isso reforçamos o pedido para que os responsáveis pelas obras zelem por elas, para garantir um atendimento de qualidade à comunidade – diz a nota.
Continua depois da publicidade
O padre Ivanor Macieski, assessor diocesano de comunicação, diz que é triste ver um patrimônio como o CEI, um imóvel numa posição privilegiada, abandonado e servindo de abrigo a usuários de drogas. Para ele, a estrutura deveria ser reformada e poderia, inclusive, ser incorporada pelo Colégio Conselheiro Mafra.
– O espaço poderia abrigar mais salas de aula – diz.
Em 2011, a Gerência Regional de Educação chegou a elaborar um projeto para transformar o CEI num centro de estudo, pesquisa e formação continuada, aberto à comunidade. Mas o projeto, orçado em R$ 1,2 milhão, ainda não tem prazo para sair do papel. ??
Biblioteca era o sonho de Rolf Colin
Quem já foi neta, filha e mulher de prefeito também se entristece ao ver um dos principais legados da família abandonado. Lilian Gomes, neta de Max Colin, filha de Rolf Colin e mulher de Luiz Gomes nem gosta mais de passar pelo prédio da Biblioteca Pública que leva o nome do pai, no Centro.
Continua depois da publicidade
– Fico com pena de ver um prédio numa localização tão central, de tão fácil acesso à população, fechado – diz.
O prédio está abandonado desde setembro de 2010, quando parte do forro desabou.
– Meu pai, se fosse vivo, ficaria indignado ao saber que deixaram chegar a esse estágio, que abandonaram algo que ele criou – ressalta Lilian.
A biblioteca começou a funcionar em 1952 numa casa na rua do Príncipe, com 3 mil livros. Em 1955, foi inaugurado o prédio atual, que mais tarde veio a receber o nome do prefeito Rolf Colin. Para Lilian, a memória do pai merecia mais atenção.
Continua depois da publicidade
– Se colocam o nome, têm que manter, senão é preferível que não façam a homenagem – diz.
As obras de reforma da biblioteca devem começar nos próximos dias.
– A empresa que ganhou a licitação deve iniciar o trabalho em breve – diz a coordenadora da biblioteca, Alcione Pauli.
A princípio, o espaço seria ampliado, mas o novo projeto prevê apenas a reforma do espaço, já que a Prefeitura pretende manter o posto avançado no local onde a biblioteca passou a funcionar provisoriamente, na antiga Piazza Italia, no Anita Garibaldi.
Tombado, mas em completo abandono
É com misto de frustração e tristeza que os descendentes do professor Germano Timm passam pela frente da antiga construção do grupo escolar e se deparam com a situação de abandono do prédio de 1935.
Continua depois da publicidade
O bisneto, Roberto Eduardo Timm, que mora em Florianópolis, diz que participou de um movimento pela manutenção do prédio na época em que uma nova escola foi construída. Mas lamenta que desde que as novas instalações foram inauguradas, em 2006, a antiga sede esteja fechada.
– Fico feliz que o prédio tenha sido tombado, mas o não uso de um patrimônio histórico, por onde passaram muitas gerações, é lamentável – diz Roberto, que, assim como os outros cinco bisnetos, estudou no colégio.
A expectativa da família é de que o espaço seja restaurado para abrigar a futura escola de artes da Udesc. O novo diretor-geral da Udesc Joinville, Leandro Zvirtes, informa que o edital de licitação da obra de restauração do prédio, orçada em R$ 1 milhão, deve ser publicado neste mês. A partir daí, as empresas terão 45 dias para apresentar propostas.
Continua depois da publicidade
O prazo de execução das obras é de dez meses. O prédio deve ficar pronto em meados de 2013. Até lá, a Udesc pretende oferecer pelo menos dois cursos no campus do Bom Retiro.
Filhos e netos são defensores do legado
A família dos professores Ada Sant?Anna da Silveira e João Bernardino da Silveira Junior dá exemplo quando o assunto é cuidar de um patrimônio público, que é também um patrimônio da família. O casal de professores dá nome a escolas, e os filhos e netos estão sempre atentos ao estado de conservação das construções que levam o nome da família.
A Escola Municipal João Bernardino, no João Costa, por exemplo, foi interditada e passou por reforma em 2011. Hoje funciona normalmente. Mas desde a desinterdição, a filha de João Bernardino, Adi da Silveira Lopes, não se intimida em ligar para a direção ou para a Secretaria de Educação para pedir melhorias no local.
Continua depois da publicidade
– Tenho muito orgulho de ser filha de Ada e João Bernardino – diz Adi, que também foi professora por mais de 40 anos.
Já aposentada, ela não consegue ficar longe do ambiente escolar. Sempre que pode, visita as escolas que homenageiam os pais. Uma homenagem, segundo ela, mais do que merecida.
Afinal, a paixão de Ada e João Bernardino pela educação era tão grande que durante muito tempo a casa da família, no Paranaguamirim, serviu como uma escola. Além disso, tempos depois, a família doou o terreno onde hoje funciona a Escola Ada Sant?Anna.
Continua depois da publicidade
Para ela, ver as escolas bem conservadas é o mínimo que se poderia fazer pela memória dos pais. E é por isso que ela se transformou numa incansável protetora dessas unidades escolares.
– Procuro sempre estar em contato com a direção das escolas e com as secretarias de Educação para cuidar bem da homenagem aos meus pais – diz.
Escola era orgulho para a família
A neta de Francisco Eberhardt, Miriam Ieda Glaux Haertel, de 68 anos, mora em Blumenau e lamenta que a escola que leva o nome do avô, na Estrada Rio da Prata, em Pirabeiraba, esteja interditada pela Vigilância Sanitária, aguardando pelas obras de reforma e ampliação, em fase final de licitação.
Continua depois da publicidade
O prédio de 1937, que desde 1984 carrega o nome de Francisco Eberhardt, está fechado desde o fim de 2011, e os alunos estão tendo aula provisoriamente na Escola Olavo Bilac, no Centro do distrito de Pirabeiraba.
– Não deveriam ter deixado chegar a este ponto, deveriam investir para manter esse patrimônio, que é motivo de orgulho para a família. Precisam valorizar pessoas que, como ele, marcaram a história da cidade – afirma a neta.
Ela não chegou a conhecer a escola, mas acompanha de longe as notícias e lamenta que o nome do avô ultimamente só apareça em assuntos negativos, em função das últimas interdições da unidade pela Vigilância Sanitária. Sem dúvida, diz ela, não era assim que ele gostaria de ser lembrado.
Continua depois da publicidade
– Seriam notícias que entristeceriam Francisco Eberhardt, um entusiasta da educação, um cidadão que era uma referência para a comunidade de Pirabeiraba – diz.
– O ?Velho França?, como era carinhosamente chamado, era muito querido, conhecido por ajudar as pessoas e fazer remédios homeopáticos (numa época em que a comunidade da região de Pirabeiraba não contava com atendimento médico, nem farmácia) e foi presidente da Câmara de Vereadores – lembra.
Segundo a neta, sempre que precisavam, as pessoas recorriam ao avô. Se ele fosse vivo, os pais de alunos da escola já teriam procurado Francisco para resolver o problema da escola e cobrar providências do Estado. As obras de reforma e ampliação da Escola Estadual Francisco Eberhardt começaram no dia 13 de junho. A obra, orçada em R$ 1,7 milhão, tem prazo de execução de um ano.
Continua depois da publicidade