Após meses de disputa interna, a frente de esquerda conseguiu acomodar os interesses de Décio Lima (PT) e Dário Berger (PSB) e anunciou nesta semana a chapa com o petista concorrendo ao governo do Estado e Dário disputando a reeleição para o Senado. No entanto, as indicações podem ter custado o apoio de até três partidos que no último ano integravam as discussões das siglas de esquerda.
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No início da semana, o PDT anunciou o desembarque da frente de esquerda e recalculou a rota, indicando Jorge Boeira agora como pré-candidato a governador. Agora, o PSOL confirmou que também deixou a aliança e decidirá na convenção de sábado qual o novo caminho. As possibilidades são uma candidatura apenas ao Senado, ou indicações de candidatos próprios ao governo e também a senador. Como o PSOL está federado com a Rede Sustentabilidade, o movimento tira de uma vez só mais dois partidos do arco de aliança encabeçado pelo PT.
O centro da insatisfação que deve levar PDT, PSOL e Rede para fora da frente de esquerda está na indicação da vaga ao Senado. Os pedetistas reivindicavam há vários meses o direito de indicar um nome na chapa, tendo Boeira como o favorito. A possibilidade desagrava o PSOL, por razões como o fato de Boeira ter votado a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e de a sigla ser a única da chapa que apoiaria outro candidato a presidente — Ciro Gomes, em vez de Lula. Os psolistas defendiam a candidatura do vereador de Florianópolis Afrânio Boppré como candidato ao Senado.
No entanto, as negociações entre PT e PSB que foram levadas até mesmo ao conhecimento do ex-presidente Lula fizeram com que os dois partidos ficassem com as principais vagas da chapa. A indicação de Dário Berger ao Senado deixaram tanto PDT, quanto PSOL a ver navios na disputa.
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Ainda no início da semana, o presidente do PDT em SC, Manoel Dias, reclamou do fato de que os partidos não conseguiram manter a famigerada unidade da esquerda. Ele defende que sem candidato ao governo e nem ao Senado, o partido fica sem palanque a oferecer para Ciro em SC. Já no PSOL, a queixa é a ausência de Afrânio na composição da frente.
Os demais partidos da frente de esquerda acompanham o afastamento de PDT, PSOL e Rede, mas ainda não jogaram a toalha. Na convenção que confirmou Décio Lima candidato ao governo, segunda-feira, o ex-deputado estadual Gelson Merísio citou no seu discurso que era importante dialogar para levar PDT e PSOL de volta à aliança.
Décio, que também preside o PT em SC, evita encarar o racha na esquerda como definitivo. Ele vem afirmando em entrevistas que vai tentar “até os 47 do segundo tempo” trazer o apoio dos partidos. A frente já descartou a chance de lançar mais de uma candidatura ao Senado, afirmando que Dário será “o senador de Lula”. Com isso, as alternativas a oferecer no momento seriam apenas a vaga de vice ou de suplente de senador, que podem ser insuficientes para quem defendeu ao longo de meses o direito à indicação para a vaga de titular ao Senado.
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