A Escola Municipal Francisca Borba, de Balneário Piçarras, suspendeu as aulas nesta segunda e terça-feira após o desaparecimento de um menino de oito anos. Kaik Leonardo Bitinelli Fagundes sumiu na última sexta-feira depois de sair de casa para ir ao colégio, que fica no bairro Itacolomi. Desde sábado o Corpo de Bombeiros faz buscas na região e moradores chegaram a atear fogo em entulhos para impedir a direção da unidade de sair do local.
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A secretária de Educação do município, Laureci Bernadete Schneider Pereira, afirma que a suspensão das atividades dos 710 alunos da escola ocorreu para que todos unissem esforços para encontrar o estudante. De acordo com ela, a instituição está auxiliando nas investigações e à disposição da família. A diretora da unidade, Marcela Pereira Ribeiro Chegatti, diz que o menino não frequentou as aulas no dia do desaparecimento.
– Me ligaram por volta da meia-noite informando o sumiço. Eu vim até escola e chequei todos os locais, mas a criança não estava aqui. Ele faltou na aula e o caderno em que eles fazem as atividades estava em branco nesse dia – explica.
Marcela relata que no sábado voltou à instituição para continuar procurando Kaik. Segundo a diretora, pelo menos quatro alunos que estudam com o menino informaram que ele não esteve na escola. A monitora do ônibus escolar também teria dito que não viu a criança na sexta-feira. Abalada com a situação, Marcela conta que ela e outras duas funcionárias foram impedidas de sair da escola pela comunidade, que estava revoltada com o sumiço.
– Eles colocaram fogo em entulhos e não deixavam a gente passar, fizeram um círculo de fogo perto do portão, ficamos em pânico. Em nenhum momento a escola se omitiu, estamos aqui desde que soubemos – garante.
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Foto: Marcos Porto / Agência RBS | Licia Barcelos é a responsável legal por Kaik
Responsável legal da criança, Licia Barcelos cuida de Kaik desde que ele tinha nove meses. No dia do desaparecimento, conta que sua sobrinha levou o menino até o ponto de ônibus e o viu embarcando. Era por volta das 17h30min quando os alunos chegaram do colégio e Kaik não apareceu. Assustada, Licia disse que pediu para o pai biológico do menino, Valdemar Fagundes, ir até a escola procurá-lo.
– Na escola não tinha mais ninguém, procuramos nos arredores e depois viemos registrar um boletim de ocorrência. Tem muitas histórias, mas até agora não sabemos o que aconteceu – relata.
Valdemar lembra que estava chegando do trabalho quando o avisaram sobre o desaparecimento do filho. O homem conta que não dorme há três dias. Nesta segunda-feira, faltou ao trabalho para continuar procurando o menino:
– Era capaz de dar o mundo para ficar ao lado do meu único filho. Depois que sair daqui (delegacia) vou continuar procurando.
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Desconfiança
Há cerca de 30 dias Licia conseguiu na Justiça a guarda definitiva do menino. Ela é tia do pai biológico da criança, que mora na mesma casa. Em função da disputa, a família acreditava que a mãe biológica, Eliane Aparecida Bitinelli, pudesse ter levado Kaik.
Após prestar depoimento na delegacia, Eliane conversou com a reportagem. Chorando, disse que não tinha condições de cuidar dos filhos – além de Kaik, ela tem outras duas crianças de um e três anos -, mas que estava satisfeita com criação dada por Licia.
– Não tinha motivos para tirar ele de lá, estava bem com ela. Só quero que encontrem ele – desabafa.
Além disso, familiares contam que testemunhas dizem ter visto o garoto conversando com uma mulher morena em uma motocicleta Honda Biz. Outros relatam que uma pessoa em um veículo preto teria chamado Kaik alegando que iria levá-lo ao dentista a pedido de Licia. Até o momento, a polícia não conseguiu confirmar nenhuma das suspeitas.
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