O desaparecimento de um avião catarinense, com três brasileiros a bordo, completa um ano nesta quinta-feira (6). Em 2022, o empresário de Florianópolis Antônio Carlos Castro Ramos, o advogado Mario Henrique da Silva Pinho e o médico Gian Carlos Nercolini voavam de El Calafate, na província de Santa Cruz, com destino a Trelew, também no território argentino. No entanto, a aeronave sumiu do alcance de radares e nunca foi encontrada.
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As buscas pelo avião e vítimas foram realizadas durante cinco dias pela Empresa Argentina de Navegação Aérea (EANA), responsável pelo caso, e suspensas por falta de vestígios. Investigadores da Polícia Civil chegaram a identificar que a aeronave caiu no mar e, por conta disso, submarinos e mergulhadores atuaram nas buscas. Porém, o local é considerado inóspito e dificulta a procura por destroços.
Desde então, nenhuma atualização ou novidade no caso mobilizou novas ações das autoridades argentinas. De acordo com Lucas Martínez, da EANA, as buscas poderiam ser retomadas caso um novo elemento surgisse, mas não foi o caso ao longo dos últimos meses.
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Assim, o mistério sobre o que causou o acidente aéreo continua. Nenhum sinal do avião foi visto na costa da na região de Comodoro Rivadavia, cidade litorânea onde um centro de controle registrou o último contato com o avião. Veja abaixo o que se sabe sobre o caso.
Aeronave e tripulação
A aeronave na qual o grupo voava era um modelo RV-10 de pequeno porte e estava registrada em nome de Antônio Ramos, que pilotava o avião, segundo familiares. Ele, assim como os outros dois tripulantes, era habilitado para pilotar. O avião ficava baseado no Aeroclube de Santa Catarina, em São José, na Grande Florianópolis.
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O empresário Antônio Carlos Castro Ramos era conhecido no ramo da construção civil de Florianópolis. Ele estava acompanhado do advogado Mário Pinho e o médico Gian Carlos Nercolini. Os três eram amigos, todos tinham seus próprios aviões e experiência em pilotar aeronaves, segundo informações da família.
Viagem à Argentina e destino do voo
O grupo viajou para a Argentina para participar de encontros com outros fãs de aviação. No domingo da semana do desaparecimento, eles estiveram em um festival pelo 87º Aniversário do Aeroclube de Comodoro Rivadavia. Depois, os três viajaram para El Calafate, na região da Patagônia, junto com outras duas aeronaves.
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Na quarta-feira em que desapareceram, os três deixariam a cidade em direção ao município de Trelew. Na metade final do trajeto, eles fizeram um último contato com a base aérea de Comodoro Rivadavia, cidade litorânea da Argentina.
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Hipótese relacionada às condições meteorológicas
Na época, uma hipótese do que aconteceu com o avião foi levantada pelo presidente do aeroclube de El Calafate, Freddy Vergnole, em entrevista ao Diario Jornada.
Segundo ele, por conta das condições meteorológicas, houve formação de gelo nos aviões que passaram pela região de Comodoro Rivadavia, situação para a qual o avião de pequeno porte não está adaptado. O gelo se acumula nas asas e produz peso sobre a aeronave, além de poder danificar o motor, exigindo habilidade do piloto para se sair da situação.
As autoridades argentinas à frente das buscas não comunicaram o que poderia ter ocorrido com o avião.
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Onde aconteceu o acidente
O delegado-geral da Polícia Civil em Santa Catarina naquele momento, Marcos Ghizoni, confirmou que os policiais civis estavam ajudando nas investigações. Segundo ele, coordenadas foram usadas para auxiliar as buscas na região de Chubut, onde há um aeroporto em que os brasileiros teriam tentando pousar pouco antes de cair no mar. Conforme o levantamento das autoridades, a queda do avião teria acontecido no oceano.

Pelo mapa desenhado pela Polícia Civil, depois de avançar por 48 quilômetros em direção ao aeroporto de Chubut, a aeronave teria feito uma conversão à esquerda, e depois outra à direita, antes de cair no mar. A queda teria ocorrido num local próximo à costa de Chubut.
Buscas
As buscas pela aeronave e tripulantes aconteceu, em um primeiro momento, por uma força-tarefa do órgão local que controla o tráfego aéreo argentino, a Empresa Argentina de Navegação Aérea (EANA). Após seis dias, a equipe especializada encerrou as buscas por conta do território inóspito que impedia uma ação efetiva para a procura do avião.
No entanto, o governo da província de Chubut continuou com as buscas e recebendo apoio das autoridades brasileiras. Apenas 30 dias depois, eles também cessaram as ações por conta do ambiente extremo. Na região, o mar chega a registrar ondas de até 8 metros.
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O avião não teve ativado um equipamento que auxiliaria na localização da aeronave em caso de acidente, segundo a EANA, que esteve à frente das buscas. Ele é acionado pelo impacto de uma eventual queda ou pode ser ativado manualmente pelo piloto.
Um ano depois
Conforme a Eana, a participação do órgão nas buscas foi encerrada por conta do contexto de falta de evidências. Neste tipo de acidente, as ações poderiam ser retomadas com o surgimento de qualquer novidade ou indício do avião após o encerramento da força-tarefa, mas não foi o caso nos últimos meses.
Por isso, não se sabe ao certo o que aconteceu com a aeronave e outras perguntas ainda estão sem respostas.
* Com colaboração de Gabriel Guimarães, da NSC TV
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