A partir deste sábado, o Estado conta com um novo governo para enfrentar os desafios de melhorar a qualidade de vida dos catarinenses. Ao receber o cargo do antecessor Raimundo Colombo nesta sexta-feira, no Centrosul, o novo governador, Eduardo Pinho Moreira, disse que sua equipe vai trabalhar para fazer mais com menos, cortar gastos correntes e reduzir a máquina pública. Será preciso ter projeto e coragem para conseguir sobrar mais recursos para setores prioritários como saúde e segurança e ainda pagar dívidas num ano de eleições.

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A exemplo de Colombo, que pontuou como maior legado de seu governo as contas em equilíbrio na fase da maior recessão do Brasil, Moreira também terá que trabalhar com foco na atividade econômica, atraindo investimentos para ter melhores resultados na geração de empregos e impostos.

Até porque o cenário nacional não permite muita animação. A projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para este ano, segundo o mercado, é de 2,7%. Trata-se de crescimento parecido com o obtido pelo país em 2006, de 2,9%, quando Moreira assumiu o governo também por 10 meses, sucedendo Luiz Henrique da Silveira. Só que naquele ano, não havia dívidas pendentes porque o país não tinha enfrentado uma recessão profunda antes. Hoje está mais difícil. Para se ter ideia do impacto da crise, a receita real (descontada a inflação) do Estado no ano passado foi parecida com a de 2012.

É claro que a arrecadação de Santa Catarina, pela dinâmica da economia local, diversificada, exportadora e com mais atração de investimentos, cresce mais do que a do Brasil. As projeções são de que o PIB catarinense será maior do que o nacional, a exemplo de 2017, e que a arrecadação de 2018 deve ter alta real de 6% a 7%.

Mas as despesas com a folha sempre crescem mais, há o rombo de R$ 4 bilhões da Previdência do Estado e, ainda, grandes dívidas não negociadas que exigem uma solução, com destaque para as das letras, Invesc e SC-401. Por isso, além de tentar conseguir recursos federais ou de outras fontes para cobrir despesas de saúde e segurança, Moreira terá que manter a posição de não elevar a carga tributária e dar atenção para a Investe SC, a agência de atração de investimentos do Estado, para atrair mais negócios e fazer a economia crescer. Também precisa acelerar a implantação dos centros de inovação, um projeto que permite criar e fortalecer empresas de tecnologia.

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O período de 10 meses pode parecer pouco. Mas, com foco, o governo pode conter gastos e impulsionar a economia para ter mais receita e atender as prioridades da população.

Especialistas dizem que a indústria 4.0 veio para substituir trabalhos pesados. Uma invenção catarinense despretensiosa mas com esse objetivo virou sucesso mundial. Trata-se de uma máquinas de ensacar areia desenvolvida há cinco anos pelo representante comercial Valter Biason (foto) e seu irmão, o engenheiro Volni, para substituir trabalho braçal. Inicialmente, era produzida uma unidade por mês, mas há mais de três anos Valter abriu a empresa Ensaca Equipamentos Ltda., em Biguaçu, onde emprega 10 pessoas e fabrica uma unidade por dia, com vendas no Brasil e exterior. Já são mais de 700 unidades vendidas. A empresa já aprimorou o produto e, além de areia, é usada para embalar muitos outros materiais como adubo orgânico, sementes, asfalto a frio e brita de todos os tamanhos, até aquela com 7,5 centímetros de largura.

– A minha maior satisfação é um cliente ligar para cá para saber como a máquina funciona. Um lojista de São Paulo informou que, antes, dois trabalhadores demoravam um dia para embalar 300 sacas de areia. Hoje, uma pessoa ensaca 1,6 mil por dia brincando – diz Valter Biason.

Fábrica na Europa

Com eficiência e preço atrativo – cerca de R$ 15 mil por unidade ao consumidor –, as máquinas da Ensaca fazem sucesso também no exterior. Os pedidos vêm pela internet. A empresa já exporta para Uruguai, Argentina, Colômbia, Venezuela, Paraguai, Panamá, República Dominicana, Estados Unidos, Espanha e Angola. Para ampliar a produção, Valter planeja duas novas fábricas. Uma em Biguaçu, onde comprou um terreno porque o prédio atual é alugado, e outra na Europa. Estuda instalar na Espanha porque o frete marítimo é muito caro.

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