Devastados pela crise econômica e com o voto em descrédito, os venezuelanos irão eleger vereadores neste domingo (9) em um dia sem grandes obstáculos para que o governo reforce a sua hegemonia ante a exclusão dos principais partidos opositores.
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A um mês de o presidente Nicolás Maduro tomar posse para um segundo mandato (2019-2025), com o rechaço de grande parte da comunidade internacional, o chavismo se prepara para ampliar seu controle nas regiões com a eleição de 335 conselhos municipais.
“Vamos deixar algo aos esquálidos? Não, não merecem. Que o mundo nos chame como quiser. O espaço que a direita deixar é um espaço que devemos conquistar”, disse Diosdado Cabello, número dois do governo, no encerramento de uma fraca campanha.
As eleições de vereadores são o fim de uma série das que foram convocadas pela Assembleia Constituinte, órgão governista que substituiu o Parlamento, único poder controlado pela oposição.
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Atualmente, a oposição controla 80 assembleias municipais.
“Para que votar se eles já ganharam tudo?”, indago à AFP Leidy Sivira em uma rua movimentada de Caracas, onde não se vê um só cartaz de campanha.
Apesar da baixa popularidade e das suas políticas para reverter a crise que não deram resultado, Maduro assumirá em 10 de janeiro para um segundo mandato.
A eleição de vereadores é “um pequeno traço dentro desta pintura que o projeto autoritário do governo, que já está sendo montado”, assinalou à AFP o cientista político Luis Salamanca.
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Embora considere participar, Mario Sardiña, de 60 anos, não esconde seu cansaço. “Vou votar para que isso melhore, ou acabe de se destruir”, afirmou à AFP.
Para Salamanca, a indiferença reina “diante do descrédito do voto pelas manipulações do regime”. “São eleições virtualmente clandestinas”, sustenta.
O diretor da pesquisadora Delphos, Félix Seijas, acredita que “o nível de abstenção será histórico” pela desconfiança e porque, inclusive em condições normais, estas eleições “não chamam muito a atenção”.
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Seijas acredita que a oposição manterá o controle das câmaras dos municípios mais opositores, mas o não o número de cargos que ostenta hoje.
* AFP