Deputados chavistas e opositores trocaram socos nesta terça-feira durante uma sessão parlamentar, após os governistas aprovarem uma medida que nega a palavra à oposição por ignorar a eleição do presidente Nicolás Maduro.

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– Não sou o único agredido, vários deputados apanharam e o responsável direto é o senhor Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, que exige nosso reconhecimento de Nicolás Maduro – disse o legislador Julio Borges mostrando o rosto machucado ao canal Globovisión.

Borges explicou que após o protesto vários deputados da oposição foram agredidos por legisladores chavistas.

– O que fizemos foi exibir em silêncio o cartaz ‘Golpe no Parlamento’- explicou

Já a deputada chavista Odalis Monzón disse que foi “atacada pela bancada opositora” e agradeceu seus companheiros por “defendê-la”, em declaração à TV da Assembleia Nacional.

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– Sabíamos que a oposição queria provocar violência e houve uma forte troca de socos. Isto não pode se repetir – declarou Maduro sobre o incidente.

Diosdado Cabello “vai adotar as medidas de autoridade e disciplina para que não se repitam fatos como este”, afirmou Maduro, que propôs “buscar a paz”.

Momentos antes das agressões, a maioria chavista da Assembleia aprovou uma medida que impede a palavra dos deputados opositores, alegando ‘reciprocidade’ por ignorarem a vitória de Maduro nas eleições de 14 de abril.

Após a votação, deputados opositores fizeram um apitaço, enquanto as câmeras da TV Assembleia mostravam o teto do plenário, antes de suspender a transmissão. O acesso de jornalistas ao local está proibido.

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– Enquanto aqui nesta Assembleia Nacional não forem reconhecidas as autoridades, as instituições da República, os senhores da oposição poderão falar na Globovisión, no El Nacional, mas aqui não – disse Cabello, antes de suspender a sessão.

A suspensão da palavra aos deputados opositores foi proposta pelo chavista Pedro Carreño, que também denunciou a agressão sofrida de legisladores da oposição.

O líder da oposição, Henrique Capriles, reagiu ao incidente afirmando que o governo quer converter a Venezuela “em um circo de violência e barbárie”. “O desastre que este governo é eles querem esconder com violência”.

Maduro venceu Capriles na eleição presidencial por uma diferença de apenas 224 mil votos (1,49%).

A oposição não reconhece o resultado das urnas e, nos próximos dias, entrará com um recurso no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).

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O Conselho Nacional Eleitoral iniciou esta semana uma auditoria dos resultados, acatando pedido da oposição, mas Capriles e seus aliados afirmam que o processo é uma “farsa”.