Deputados opositores venezuelanos em viagem pelo Brasil, Chile e Uruguai para se reunir com colegas e chanceleres, em busca da criação de uma frente para a aplicação da carta democrática da OEA à Venezuela, fizeram um balanço positivo de suas gestões, em entrevista à AFP.

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“Acho que, no Uruguai e nos países que visitamos, há um conhecimento claro da situação na Venezuela”, onde o parlamento de maioria opositora confronta o governo de Nicolás Maduro, ao qual acusa de estar “violando garantias democráticas, principalmente através do Tribunal Supremo de Justiça”, assinalou o deputado Luis Florido, em Montevidéu.

Florido, presidente da Comissão de Política Externa do Congresso e integrante da Vontade Popular, o partido do opositor Leopoldo López, que se encontra preso, encabeça uma delegação que também inclui legisladores dos partidos Ação Democrática e Um Novo Tempo.

Nas últimas semanas, os políticos têm se reunido com parlamentares e chanceleres de Brasil, Chile e Uruguai para denunciar a escassez de medicamentos fundamentais na Venezuela e a atitude do governo de Maduro em relação ao Poder Legislativo.

“O Poder Legislativo está atacado a partir da Presidência da República”, afirma Florido, que denuncia as decisões do Tribunal Supremo da Justiça que afetam o parlamento e acusa “um golpe de Estado judicial” em seu país.

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“Na Venezuela, se usa a justiça para limitar nossa ação parlamentar”, enfatizou o deputado, recordando a nomeação de magistrados para o Poder Judicial justo antes do final da última legislatura de maioria chavista.

Os deputados promoveram durante sua viagem “a formação de uma frente parlamentar internacional para a defesa da democracia” na América Latina, que pretendem instalar no final de abril ou início de maio em Caracas, com o apoio dos partidos da região.

A delegação, que na quarta-feira se reuniu com o chanceler uruguaio Rodolfo Nin Novoa, busca formar uma frente de apoio para conseguir obter a aplicação da cláusula democrática da Organização de Estados Americanos à Venezuela, uma medida que implicaria que o sistema interamericano reconhece algum tipo de vulnerabilidade da ordem institucional venezuelana.

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, já havia esboçado a possibilidade de pedir ao Mercosul que aplicasse uma cláusula desse tipo contra a Venezuela, mas acabou desistindo da ideia.

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Brasil e Uruguai, no entanto, se opuseram à aplicação deste tipo de disposição no caso da Venezuela, um país que ambos aprovaram para ingressar no Mercosul no momento em que o Paraguai estava suspenso do bloco, em 2012.

Consultado a respeito, Florido disse que “o principal é criar consciência” para o problema. E que também se coloca à prova o sistema interamericano encarnado pela OEA.

Na próxima semana, os parlamentares venezuelanos devem visitar a sede da OEA em Washington.

* AFP