Em palestra para empresários da região Centro Oeste nesta terça-feira, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou o ajuste fiscal promovido pelo governo federal, classificando-o como “pífio”. Cunha falou da discussão que corre na Câmara sobre reforma tributária. Ele se posicionou contra o aumento da carga tributária, solução, segundo o peemedebista, “longe de ser inteligente”.
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Ao prometer colocar em votação o texto que sair da comissão que discute o tema na Casa entre setembro e outubro, concluindo-a até o final do ano, Eduardo Cunha parodiou uma declaração de Dilma Rousseff feita em julho deste ano, quando ela tentava explicar a meta estabelecida para o Pronatec.
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– Como diria…, primeiro a gente atinge a meta. Depois a gente dobra a meta. (risos) Vamos tentar atingir a meta e, depois, se possível, a gente dobra. Vamos chegar e atingir esse objetivo e, atingido esse objetivo, a gente espera poder tratar de coisas que tenham a ver com o Centro Oeste, ver o que é possível dentro do nosso país atingir – afirmou Cunha, sem mencionar o nome de Dilma, arrancando risos contidos da plateia.
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A frase utilizada por adversários para ironizar a presidente ganhou grande repercussão nas redes sociais:
– Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta – disse Dilma sobre o Pronatec Aprendiz em 28 de julho.
Questionado por um dos empresários sobre o “clima político” para que a presidente Dilma conclua seu mandato, Cunha se esquivou.
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– Prefiro não entrar neste tipo de debate. Seria alimentar um tipo de debate que não cabe a mim. Prefiro não responder. O dia a dia vai acabar respondendo – afirmou.
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Crise
Cunha disse que as crises política e econômica enfrentadas pelo Brasil são “irmãs siamesas”, mas que a prioridade é debelar os entraves políticos.
– É preciso que a gente saiba enfrentar as duas separadamente, mas a prioridade é sempre resolver a crise política porque ela te proporciona as condições políticas para enfrentar a crise econômica. A crise política permite a imagem da segurança para aqueles que querem enfrentar a crise econômica – disse Cunha em palestra na terceira edição do evento “Visão Capital”, promovido pelo “Jornal de Brasília”.
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Cunha afirmou que o país vive uma “crise de confiança” e que o ajuste fiscal promovido pelo governo é “pífio”.
– Muito do que a gente vive da crise econômica de hoje não (é) só por modelos equivocados que possam ter sido implantados no passado na administração da economia, mas é também pela perda da confiança que a sociedade tem no comando da economia – afirmou.
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– Vivemos, mais que a crise econômica, a crise de confiança. O ajuste fiscal, em si, é pífio e ele não tem nem relevância numérica no problema da falta de superávit. Ele é muito mais simbólico, com o objetivo de mostrar que se tem controle sobre as contas públicas e, consequentemente, você gerar perante os investidores a segurança de que o dinheiro vai ser aplicado num país que vai dar certo – disse Cunha, acrescentando que “a confiança tem que ser restabelecida”.
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– Deixamos de ser a bola da vez aos olhos da comunidade internacional. Precisamos voltar a ser a bola da vez – disse o peemedebista.
*Estadão Conteúdo