Protógenes Queiroz, pai que levou o filho de 11 anos ao cinema para assistir a uma comédia barra pesada recomendada apenas para maiores de 16, é um cidadão indignado. Mas sua revolta não resulta do mea-culpa pela infeliz escolha de um programa inapropriado a uma criança. Ele quer proibir a exibição do filme no Brasil.
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O episódio ganhou repercussão por ser Protógenes um deputado federal (PC do B-SP) e figura tão conhecida como polêmica por sua atuação como delegado da Polícia Federal.
– Fiquei chocado e indignado com esse filme. Ele passa a mensagem de que quem consome drogas, não trabalha e não estuda é feliz – disse Protógenes, que assistiu com o filho Juan, de 11 anos, ao filme americano dirigido por Seth MacFarlane, em cartaz no Brasil desde sexta-feira.
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Esbravejando no Twitter, Protógenes disse que pediria nesta terça-feira aos ministérios da Justiça e da Cultura a suspensão da exibição de Ted. E criticou os dois órgãos por terem liberado o filme para maiores de 16 anos:
– Não poderia ser liberado nem para 16 nem para 18 anos. Esse filme não pode ser liberado para idade nenhuma. Não deve ser veiculado em cinemas.
O assunto repercutiu na internet e ficou na lista de temas mais falados no país desde segunda-feira. Houve uma enxurrada de respostas e críticas. Um dos comentários lembrou que o filme não é infantil, mas para maiores de 16 anos. “Desculpa, mas esse filme é um absurdo”, rebateu Protógenes.
Com foco no humor politicamente correto, Ted é um espécie de conto de fadas às avessas sobre um homem que tem como melhor amigo desde a infância seu urso de pelúcia, que ganhou vida própria por um desejo do dono quando criança.
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Protógenes disse que o filme “endossa atitudes criminosas, satiriza o consumo de drogas e de álcool e instrui o espectador a não estudar e a não trabalhar”. Segundo o deputado, é “um filme agressivo”. Ele afirmou que, ao conversar com o filho sobre o filme, outras crianças ao lado disseram: “Tio, estamos sabendo, aquilo é maconha”.
O deputado afirmou que costuma levar o filho para ver filmes com classificação para adolescentes:
– Se a faixa etária é para 18 anos, ele não vai. Se é para 16, como esse Ted, eu levo, porque ele já é pré-adolescente. Vi a sinopse e pensei que poderia levar meu filho. Mas logo no início, o filme apresenta cenas com drogas, até mesmo com modernos aparatos para o consumo de crack. Falei para Juan que havia coisas erradas no filme. Ele respondeu: ‘Já sei, papai. Esse ursinho é preguiçoso, só quer saber de fumar maconha e crack, não trabalha, vive de bico, não estuda’.
Protógenes disse que o filho perguntou se ele queria ir embora:
– Respondi que não. Queria ver até onde ia aquele desrespeito.
O deputado afirmou ainda que uma das cenas que mais chamaram sua atenção foi quando o ursinho Ted liga a televisão e aproveita para consumir drogas. Protógenes disse ainda que ficou indignado ao ver um herói de sua juventude, Flash Gordon, usando cocaína.
A repercussão chegou aos produtores do filme. O próprio Ted se “manifestou” em seu Twitter: “Meu filme já fez US$ 100 milhões. Quem sabe agora eu possa pagar um restaurante que não tenha na mesa ao lado uma família gritando em português”.
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Em um dos maiores complexos cinematográficos de Porto Alegre, por enquanto, nenhum pai desavisado marcou presença na sala do gerente para reclamar.
– A orientação na bilheteria é avisar aos pais com crianças menores sobre o conteúdo do filme – informa o responsável por uma das principais redes de cinema da Capital. Alguns pais trocam de opção, outros não se importam. Só existe proibição quando a restrição é para maiores de 18 anos. Neste caso, num filme recomendável para maiores de 16, vale o bom senso. Se a criança está muito abaixo da faixas etária, como foi o caso de uma menina de 10 anos, solicitamos que o responsável por ela assine um formulário padrão.
Como não existe mais censura no Brasil, o Ministério da Justiça é o responsável pela classificação indicativa dos filmes. Em resumo, crianças e adolescentes podem assistir a filmes recomendados para uma faixa etária acima da sua desde que acompanhados por um responsável legal, exceto quando a classificação é para maiores de 18 anos.
Como é recorrente nestes casos, a reação extremada de Protógenes deve dar ainda mais publicidade ao ursinho Ted.
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