O chefe de um partido opositor tunisiano morreu assassinado nesta quinta-feira diante de sua residência em Túnis, informou a imprensa local. Mohamed Brahmi, deputado e coordenador-geral do Movimento Popular e membro da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), foi assassinado com vários disparos no setor de Ariana, informou a TV nacional e a agência TAP.O ataque provocou a ira dos tunisianos que comemoram hoje o 56º aniversário da República. Centenas de pessoas se reuniram no centro de Tunis para denunciar o assassinato, acusando o partido islamita no poder, o Ennahda.

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– Brahmi foi assassinado a tiros no momento em que saia de sua casa – indicou o ministério em um comunicado, sem relatar as circunstâncias da morte.

– Seu corpo foi crivado de balas em frente a sua casa e seus filhos – declarou, em meio às lágrimas, Mohsen Nabti, membro do gabinete político do Movimento Popular.

Segundo a televisão, Mohamed Brahmi foi atingido por onze balas disparadas por desconhecidos.

– Um militante da democracia foi assassinado a sangue frio hoje, o dia em que a Tunísia celebra a República – declarou à AFP o advogado Mabruk Korchid.

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Mohamed Brahmi, de 58 anos, foi eleito deputado em Sidi Buzid, berço da revolução que derrubou o regime de Ben Ali em 2011.Ele renunciou em 7 de julho a seu posto de secretário-geral do Movimento Popular, movimento que ele fundou, declarando que sua formação havia sido infiltrada por islamitas. Sua família acusa o partido islamita no poder de ser responsável pela morte.

– Eu acuso o Ennahda, são eles que o mataram – declarou Chhiba Brahmi, irmã do deputado.

-Nossa família pressentia que Mohamed teria o mesmo destino de Bela¯d – acrescentou.

A presidência condenou em um comunicado “o horrível crime” e alertou os tunisianos contra “aqueles que querem levar o país para o inferno”. Centenas de tunisianos manifestaram no centro de Túnis e na província, principalmente em Sidi Buzid.

“A Tunísia é livre, Irmandade fora”, gritavam os manifestantes em referência à ligação do Ennahda com a Irmandade Muçulmana egípcia. “Ghannuchi assassino”, “Ennahda deve cair”, “Assembleia Constituinte deve ser dissolvida”, bradavam os manifestantes. Em Sidi Buzid, os ativistas invadiram a prefeitura e incendiaram escritórios do edifício.

Na mesma região, em Menzel Buza¯ane, manifestantes saquearam a sede do partido islâmico.No exterior, o presidente francês François Hollande condenou o assassinato. A alta-comissária da ONU para os direitos Humanos, Navi Pillay, pediu “uma investigação rápida e transparente” sobre o crime. O assassinato de Mohamed Brahmi acontece seis meses após a morte de Chokri Bela¯d, que foi atribuído a um grupo islâmico radical. Sua família também acusou o Ennahda, que negou qualquer envolvimento.

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