“A violência atingiu níveis alarmantes na sociedade brasileira. Por ano são assassinadas 50 mil pessoas e outras 50 mil são vítimas de estupros. Um fato recente, acontecido na pequena cidade de Araquari, no Norte de Santa Catarina, mostra a banalização do mal. Quatro adolescentes mataram um taxista com 24 facadas, porque ele não tinha troco para R$ 100. Crimes hediondos como este acontecem com frequência porque há uma sensação de impunidade no ar. Somente 8% dos culpados são condenados. O surto de criminalidade poderá ser contido se forem tomadas medidas rigorosas e inteligentes, como aconteceram em Nova York, Bogotá e Medellín, na Colômbia.
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O jornalista Gilberto Dimenstein, que se debruçou sobre soluções criativas para enfrentar questões sociais graves, diz que a solução para a violência “é menos de dinheiro que de competência administrativa e articulação local”.Seis fatores contribuem para a violência crônica: passividade dos governantes; fraqueza da lei penal; falta de estrutura de segurança; valores distorcidos; falta de educação; e corrupção. Para início de ações efetivas é necessário que os três níveis de governo – nacional, estadual e municipal – trabalhem articuladamente. E, não menos importante, ações sociais nos bairros mais pobres. Da maneira como as coisas estão no país a situação tende a se agravar.
A lei penal frouxa enfraquece o trabalho repressivo da polícia e do Judiciário. Por outro lado, deveria haver integração maior entre a população e o policial no combate ao crime. No entanto, com o abuso da truculência isto dificilmente ocorre. Cenas como a do Rio, onde a PM matou uma mãe de quatro filhos e arrastou o corpo na via pública, desmoralizam o trabalho policial. Há muito o que mudar.“