A deputada boliviana Erika Justiniano Negrete esteve em Chapecó nesta terça-feira onde participou de uma reunião na sede da Chapecoense, depois concedeu uma entrevista no Hotel Bertaso e, no final da tarde, foi ao Ministério Público Federal.

Continua depois da publicidade

A deputada entregou uma carta ao clube e documentos ao Ministério Público Federal do Brasil onde acusa o governo boliviano de não responder a petições, uma para o Ministério de Obras Públicas e Serviços e outro para o Ministério da Economia e Finanças Públicas, ambos da Bolívia, solicitando informações sobre a situação do seguro do voo da Lamia. A deputada do partido Democrata Cristão, que é de oposição ao governo de Evo Morales, também acusou o governo boliviano de tentar se eximir das responsabilidades não dando prosseguimento às investigações.

Ela citou o exemplo de permitir vários voos irregulares para a Colômbia. Lembrou que o governo boliviano disse que o seguro estava valendo enquanto a seguradora Bisa Resseguros informou que apólice de seguro não era válida por não ter sido paga uma parcela de outubro e ainda ter uma cláusula de exclusão geográfica da Colômbia, pelo risco de guerrilhas.

– A direção geral de aeronáutica civil teria que controlar essa situação, teria que velar pelo interesse dos passageiros, o avião da Lamia teria que sair da Bolívia com tudo em ordem – afirmou.

A deputada disse que pretende ajudar a Chapecoense nas investigações para esclarecer as responsabilidades e dar ajuda ás famílias para que recebam o seguro.

Continua depois da publicidade

– Estou aqui com a única intenção de colaborar com vocês e o objetivo final é saber a verdade, tomar medidas para descobrir a verdade – destacou.

O vice-presidente jurídico da Chapecoense, Luiz Antônio Pallaoro, disse que a Chapecoense está buscando apoio na Bolívia e também no Brasil, no Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty e OAB nacional, para que a investigação seja concluída, com o laudo pericial definitivo, e assim possa tomar as medidas jurídicas contra os responsáveis. Ele afirmou que não somente as autoridades bolivianas poderão ser processadas mas também da Colômbia, se for constatada que houve erro no procedimento de aproximação da aeronave.

Alguns familiares das vítimas também estiveram no local. Entre eles Edemar de Marco, filho do ex-presidente do clube Edir de Marco.

-A gente fica desamparado pois não obtive resposta nem da Lamia, nem da Bisa. Perdemos nossos pais, nossos heróis e não conseguimos nem receber o seguro – lamentou.

Continua depois da publicidade

Também esteve presente o vice-presidente da Abravic (Associação Brasileira das Vítimas do Acidente da Lamia), Fabiano Porto. Ele informou que a entidade foi criada neste mês para dar apoio às famílias como na questão psicológica, jurídica e financeira. Ressaltou que o objetivo não é criar demandas contra a Chapecoense mas sim colaborar.

O procurador da República Carlos Humberto Prola Jr informou que a investigação do Ministério Público deverá ser concluída em julho.

O advogado João Tancredo, que representa família de sete vítimas, disse que entrou com ações contra a Lamia, contra a Chapecoense e contra a seguradora.