Em 2010, o professor de Relações Internacionais Rafael Ávila começou a se preocupar se suas aulas no Centro Universitário de Belo Horizonte, o UniBH, eram chatas demais. A indagação vinha da própria experiência: o docente vinha sofrendo com a monotonia das disciplinas do doutorado que vinha cursando.
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— Meus alunos falaram que o conteúdo era muito bom, mas que o jeito como a aula rolava era muito tedioso. Foi quando comecei a me incomodar com isso, e passei a buscar novos métodos de trabalho em sala de aula — conta Ávila.
Mal sabia ele que, a partir dali, sua carreira seria totalmente dedicada à busca por inovações na área educacional. Ávila começou a pedir que os alunos entregassem provas em forma de rap, ou de documentário. Fez provas pelo Twitter. Usou jogos para ensinar.
A Ânima Educação, grupo educacional que administra o UniBH, notou as ações do professor e decidiu investir em inovação. Com prazo para apresentar um projeto e passe livre para viajar pelo mundo para pesquisar, Ávila visitou escolas e universidades dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Índia e China.
De volta, começou a trabalhar em alguns dos principais pontos de mudança para começar a inovar em sala de aula:
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— Você precisa mudar o mindset dos professores, caso contrário, nenhum modelo novo será realmente aplicado. Eles precisam se desenvolver, se envolver e ter apoio para fazer testes e até errar. O outro pilar é conhecer a vida do aluno: o que ele precisa para a carreira que quer seguir e oferecer, além dos conteúdos, o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. O currículo não pode ser uma grade, uma prisão. Precisa ser flexível, adaptado ao que cada aluno busca — argumenta Ávila, hoje diretor de Inovação e Tendências em Educação da Ânima.
Laboratórios de inovação multidisciplinar
O novo jeito de pensar a sala de aula acabou gerando o conceito de Ânima Lab, um laboratório multidisciplinar para reunir estudantes de todos os cursos de ensino superior para criarem, juntos, projetos de extensão, empreendimentos, pesquisas e startups.
— A inovação só acontece em espaços democráticos. Quanto mais diversa uma rede de contatos, mais inovação acontece — resume Rafael Ávila.
O mais recente Ânima Lab está sendo implementado na Universidade do Sul de Santa Catarina, a Unisul, em formato de hub – um centro de encontros futuramente físico e, por ora, apenas digital devido à pandemia do novo coronavírus.
— O nosso Ânima Lab vai ser um lugar de troca, de encontros e reuniões para criações e concepções de ideias. Ele vai complementar a sala de aula como um espaço dinâmico para conexões, inclusive com as comunidades locais, que terão um lugar especial para apresentar ideias, propostas e demandas que podem ser desenvolvidas dentro da universidade — explica Roberto Iunskoski, da pró-reitoria acadêmica da universidade catarinense que, desde o final de 2019, é administrada em parceria com a Ânima Educação.
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Os Ânima Labs da Unisul estão sendo construídos nas unidades de Tubarão e Palhoça. Mas pela internet o primeiro já foi dado como lançamento de inscrições para dezenas de novos projetos de extensão voltados para a inovação.
— Na maioria das situações, as iniciativas em uma universidade são um tanto isoladas. Cada curso acaba se fechando nos seus próprios caminhos. Com o Ânima Lab, queremos criar projetos inter e transdisciplinares, que dialoguem com os diversos cursos — avalia o pró-reitor acadêmico da Unisul, Rodrigo Alves.
Assim, uma clínica de psicologia voltada para mães pode agregar o trabalho de alunos de Nutrição, Fisioterapia e Direito, por exemplo.
— Esse conceito vai formar cidadãos mais complexos, capazes de lidar com problemas cada vez mais complexos. Precisamos formar pessoas que pensam em prol do outro, da sociedade, sem deixar de lado a qualidade do conhecimento técnico — analisa Alves.
Unisul e Ânima Educação
A parceria firmada ano passado com a Ânima Educação, uma das maiores organizações de ensino superior privado do Brasil, foi pensada para promover a inovação na forma como o conhecimento é transmitido em sala de aula, passando a fazer uso cada vez mais constante da tecnologia.
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— Essa transição tem trazido mudanças e uma nova dinâmica, com novos cursos lançados e a possibilidade de novos investimentos para a universidade, o que até então vinha ficando muito limitado. A vinda da Ânima qualifica o que já vínhamos fazendo aqui na Unisul, sem perder a conexão com a nossa comunidade — finaliza Lunskoski.