Após sete horas de tensão, o sequestro que obrigou a Polícia Civil a evacuar um hotel da área central de Brasília chegou ao fim. O sequestrador Jac Souza dos Santos se entregou à polícia por volta das 16h desta segunda-feira e liberou o refém José Ailton, 49 anos, sem ferimentos.
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Às 9h, o sequestrador, ex-candidato a vereador na cidade de Combinado, Tocantins, fez um mensageiro do hotel de refém, anunciou o ataque terrorista e ameaçou explodir o hotel. Ele obrigou Ailton a usar um colete que supostamente continha dinamites. Segundo a polícia, os explosivos eram suficientes para destruir boa parte do hotel.
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Conforme o delegado Paulo Henrique Almeida, diretor de comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal, o sequestrador não fez pedidos de dinheiro pelo resgate. Suas exigências eram a aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa e a extradição do italiano Cesare Battisti. Após o fim do sequestro, Santos entregou um CD com áudio, pediu desculpas e disse que o gigante, no caso, o Brasil, precisa acordar.
Desde as 10h, negociadores, incluindo especialista em bombas, tentaram libertar o funcionário do hotel. O St. Peter foi evacuado, teve o sinal de TV cortado e atiradores de elite foram posicionados em prédios próximos. Por volta das 16h, o sequestrador apareceu na sacada do quarto algemado ao refém, que não utilizava mais o colete e, em seguida, foi levado para 5ª DP. Segundo a Polícia, a arma que ele usou no sequestro não era verdadeira. Os explosivos ainda serão analisados.
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Sequestrador já foi candidato a vereador
Jac Souza dos Santos, 30 anos, e foi candidato a vereador pelo PP na cidade de Combinado, interior de Tocantins. Jac tem uma fazenda avaliada em R$ 600 mil. Ele também foi secretário de Agricultura da cidade de Combinado.
Alaides Alves, tia do sequestrador, disse que Santos discordava da política no Brasil e, em janeiro, havia informado a família que “eles teriam uma surpresa”.
– Ele queria consertar a política – contou Alaides
Hotel fica em zona nobre da Capital Federal
O hotel St. Peter é um colosso formado por 424 apartamentos, encravado na área central de Brasília. Com localização nobre, fica no meio do setor hoteleiro, a cerca de 10 minutos da Praça dos Três Poderes. Por fora, é um paredão retangular com varandas voltadas para a Esplanada, cortado ao meio por uma torre espelhada. Por dentro, contrasta alas reformadas e outras carentes de reparos.
Com pilares, o hall de entrada é cercado por espelhos e traz dois lustres no alto. O hóspede entra e depara com sofás, quadros e vasos. À direita, fica um cybercafé, à esquerda está a recepção. O balcão negro é passagem obrigatória para os elevadores e escadas que dão acesso à área de gastronomia, eventos, lazer e quartos.
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O quatro estrelas de grande porte já pertenceu ao ex-deputado Sérgio Naya (PP-MG), cassado e preso após o desabamento do edifício Palace 2, em 1998, no Rio de Janeiro. Naya morreu em 2009.
No ano passado, o estabelecimento ganhou mídia por oferecer emprego ao ex-ministo José Dirceu (PT-SP), condenado no processo do mensalão.
*Zero Hora