Com preço baixo da saca de milho, duas vezes menor que o pago pela soja, o produtor Flávio Fonseca, da Linha Boa Vista, em Chapecó, vai continuar apostando na soja como principal atividade neste ano. Há quatro anos ele não planta mais milho por ter se tornado uma lavoura mais cara, com preço menor. Enquanto ganharia R$23,50 pela saca de milho, fatura R$ 63,50 pela de soja.

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– A soja é uma cultura mais estável, com maior resistência à intempéries como a seca, por exemplo, e com preço bem melhor devido à exportação – argumenta o produtor que tem 30 hectares de terra e arrendou mais 300 hectares para o plantio de soja.

Na safra recorde de 2017, Fonseca colheu 20 mil sacas de soja e chegou a receber R$ 85 cada, melhor preço, segundo ele, desde 1980 quando começou o plantio na propriedade.

– A safra foi muito boa. Todo mundo ganhou dinheiro. Neste ano o preço já está bem menor, mas continua em alta. O bom seria, no mínimo, R$ 70. Se chover um pouco mais, fica melhor – projeta ele ao esperar mais 20 mil sacas na colheita deste ano, que será em março.

Já o milho, o agricultor defende maior incentivo para melhorar o preço.

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– Não temos milho suficiente no Estado, mas também não temos incentivo para plantar. A maioria desistiu, porque o preço pago é muito baixo. Se ficasse em R$ 30 a saca, seria bom.

Inversão de produção

A reação do agricultor Flávio Fonseca explica a queda na produção projetada na safra 2017/2018 no país. Levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima redução de 4,4% a 6,2% em relação à safra anterior. A expectativa de produção é de cerca de 225 milhões de toneladas, 89% de toda a produção de grãos. Em 2017, foram 238 milhões de toneladas, maior safra de grãos do Brasil da história.

Em Santa Catarina a área plantada de milho caiu de 350 mil hectares em 2017 para 250 mil em 2018 o que resultará em maior déficit de milho este ano, com redução de 20% da área plantada. A produção total deve ficar na casa de 2,5 milhões de toneladas.

Na safra de soja a situação será inversa. Em 2017 foram 600 mil hectares plantados e, em 2018, sobe para 700 mil, com uma expectativa de colher 4 milhões de toneladas.

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Isso porque, a exemplo do agricultor de Chapecó, houve uma inversão de produção em função dos custos da soja serem menores que o do milho e existir maior liquidez da soja no mercado.

O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), Enori Barbieri, reafirma a fala do agricultor e diz que a atual situação desestimulou o plantio de milho, uma vez que os preços pagos ao produtor em 2017 foram menores em decorrência dos elevados estoques do produto.