O NX Zero quase acabou no ano passado. Depois de cinco álbuns de estúdio (e um de remixes), a banda não encontrava motivação para continuar. Para tentar reverter a situação, os integrantes foram passar um mês em Juqueí, no litoral paulista. Voltaram de lá com um EP que sinalizava a nova fase, Estamos no Começo de Algo Muito Bom, Não Precisa Ter Nome Não. Esse “algo” evoluiu e ganhou até um título, Norte, o disco que está sendo lançado agora (capa abaixo).
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– Descobrimos uma nova identidade. Estamos mais velhos, com outros interesses e outra visão sobre a vida. É essa transição que o disco reflete – conta o vocalista Di Ferrero por telefone.

Após o retiro para aparar as arestas e mais dois meses de férias em que cada um foi para um lado, começou o que Ferrero chama de “a parte mais legal”: compor no estúdio caseiro do apartamento do vocalista em São Paulo. Segundo ele, nesse processo a banda percebeu que o trabalho em curso não precisava soar como os anteriores. Isso significava, senão romper, pelo menos avançar em relação ao estilo que, desde a estreia em 2004, colocou o NX Zero no radar dos adolescentes.
New Orleans, a cidade que respira jazz
As transformações não se restringiram ao campo pessoal. Norte marca também o fim das parcerias com Rick Bonadio (empresário e produtor da banda nos últimos oito anos) e com a gravadora Universal – “tudo de boa”, afirma Ferrero. O álbum leva a marca da Deck e foi produzido por Rafael Ramos, que mostrou ao quinteto artistas alternativos como Cake, Blur e Alt-J, aos soulmen Otis Redding e Al Green.
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– Tudo isso está no disco – garante o vocalista.
OPINIÃO: Bem-vindos à maturidade
Se você passou incólume pelo NX Zero durante todos esses anos, é melhor rever seus conceitos. Goste-se ou não, o fato é que Norte renova uma banda muito mais identificada com a década passada do que com a atual. O single Meu Bem já dá uma mostra do que o trabalho reserva, com uma pegada pop adulta e alternância de climas. Fração de Segundo, Personal Privê e Breve Momento vão na mesma linha, remetendo de Arctic Monkeys a Lenny Kravitz em início de carreira. O maior desafio do grupo é convencer os detratores de que mudou. Quem ignorar o estigma e escutar o disco, pode ter uma agradável surpresa.