O Inter corre para terminar com a falta de visibilidade nas duas primeiras fileiras de cadeiras do Estádio Beira-Rio, constatado por torcedores que foram ao jogo contra o Vitória, no último sábado. Os repórteres e placas de publicidade à beira do gramado tapam parte da visão e deixam pontos cegos em alguns dos locais mais nobres do estádio. Uma das questões já foi resolvida. Em acordo com a Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (ACEG), foi definido que os repórteres receberão bancos no acesso ao Beira-Rio e trabalharão sentados.
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Solucionar a situação das placas de publicidade, no entanto, é mais complicado. A origem do problema está na reforma do estádio. Por uma questão de geografia e de custos, o Inter optou por não rebaixar o nível do campo. Com isso, a alternativa para evitar os pontos cegos passa a ser diminuir ou inclinar as placas.
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– (Gramado não ser rebaixado) Tem bastante influência. O gramado rebaixado teria um custo muito alto, então foi uma opção que fizemos. A solução é que as placas têm que ser menores e ficarem inclinadas. Por alguma razão, ainda não se conseguiu isso. É importante demandar com a CBF para que a publicidade não interfira na visibildiade. O clube tem que se posicionar. Já temos exemplos de publicidade que são totalmente no chão, inclusive no próprio Beira-Rio – afirma Diana Oliveira, vice-presidente do Inter e integrante da comissão de obras do Beira-Rio.
No padrão da Fifa para a Copa de 2014, as placas de publicidade são de 1m – 10cm a mais em relação a 2010. Na África do Sul, houve um problema semelhante ao do Beira-Rio e a Fifa vendeu ingressos a preços reduzidos para setores com pontos cegos. Para evitar a interferência, alguns estádios reformados do Brasil tiveram o gramado rebaixado. O Mineirão, em Belo Horizonte, ficou 3m50cm mais baixo. O nível do gramado do Maracanã já havia sido rebaixado em 1m40cm durante as obras para os Jogos Pan-Americanos de 2007. A CBF não tem um padrão de tamanho das placas de publicidade – a responsabilidade é da emissora dos direitos de transmissão de televisão, que negocia diretamente com os clubes. Mas, segundo Nelson Sampaio, integrante da direção de marketing da CBF, variam entre 80cm e 1m.
– Os estádios são diferentes e as placas podem ser colocadas de acordo com as especificidades de cada um – explica Sampaio.
Para os jogos do Inter em competições nacionais, o problema seria sanado. Já a Fifa exige placas de 1m de altura.
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– As placas têm hoje 1m e atrapalham a visibilidade das duas primeiras fileiras, mas teriam que ter 90cm no máximo. As placas da Nike são menores e não atrapalham – argumenta José Amarante, vice-presidente de administração do Inter.
Uma segunda alternativa para o Inter seria retirar as cadeiras das primeiras fileiras. Mas Diana Oliveira não crê que esta seja a melhor decisão.
– Eu não recomendo, porque vai perder lugar no estádio. É melhor mexer nas placas. Estou buscando informações da CBF, porque é uma coisa que já poderia ter sido resolvida. Existe uma solução fácil. É um lugar privilegiado, precisamos encontrar uma solução. Não é um problema sem solução, basta reposicionar as placas – resume.
A comparação com o rival
Na Arena do Grêmio, por exemplo, os primeiros níveis das cadeiras são mais altos e as placas de publicidade não afetam a visibilidade. Eduardo Antonini, engenheiro e ex-presidente da Grêmio Empreendimentos, que participou do desenvolvimento do projeto, lembra que a preocupação com a visão das cadeiras nos setores mais baixos existiu desde o início.
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– Isso foi uma medida tomada no nosso projeto original. Mas quando se começou o projeto, foi antes da Copa de 2010. A placa tinha um padrão de altura. No meio do projeto, a Fifa mudou, a placa ficou mais perto do campo e mais alta. Tivemos que redistribuir a inclinação e a angulação das cadeiras. Isso vem no caderno de encargos da Fifa. Quanto mais perto do gramado ficam as placas, mais ela atrapalha.