Atenas – Uma semana depois que o Aurora Dourada, partido de extrema direita, conquistou nas urnas presença no parlamento grego, no início deste verão, 50 de seus membros – montados em motocicletas e armados com bastões de madeira – varreram Nikaia, um pequeno subúrbio a oeste de Atenas, para demonstrar seu novo poder.

Continua depois da publicidade

Sob o olhar de moradores, os homens rodearam a praça central, alguns brandindo escudos com símbolos semelhantes à suástica, e deixaram um ultimato aos imigrantes cujas lojas serviram os gregos de Nikaia por quase uma década.

– Eles disseram: ?Vocês são a causa dos problemas gregos. Vocês têm sete dias para fechar as portas, ou queimaremos suas lojas – e queimaremos vocês” – relatou Mohammed Irfan, um imigrante paquistanês legalizado que tem um salão de beleza e duas outras lojas.

Quando Irfan ligou para a polícia pedindo ajuda, o atendente declarou que não havia tempo para socorrer imigrantes como ele. Um porta-voz do partido Aurora Dourada negou que qualquer pessoa associada ao grupo houvesse feito essas ameaças, e não há números oficiais sobre ataques contra imigrantes. Mas um novo relatório do Human Rights Watch adverte que a violência xenófoba atingiu “proporções alarmantes” em partes da Grécia, e acusa as autoridades de não conseguir interromper a tendência.

Desde as eleições, uma abundância de evidências relatadas indica um acentuado aumento na violência e intimidação contra imigrantes por membros do Aurora Dourada e simpatizantes. Eles são encorajados, segundo grupos de direitos humanos, pelo apoio político a sua ideologia anti-imigração em meio à pior crise econômica da Grécia em 10 anos.

Continua depois da publicidade

Com o aprofundamento da recessão na Europa, a direita política ganhou força em diversos países, incluindo França, Países Baixos e Hungria. Mas a situação na Grécia mostra o quão rapidamente atividades justiceiras podem crescer quando um governo está ou preocupado demais com a crise financeira, ou é incapaz de lidar com o problema.

O novo primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras, declarou que deseja colocar um fim à “invasão” de imigrantes ilegais, mas “sem justiceiros, sem extremismo”. Porém, enquanto os ataques crescem até mesmo contra imigrantes legais, pouco falou sobre a violência.

Nenhum país tolera voluntariamente uma grande população de imigrantes ilegais, e a Grécia, uma porta de entrada para migrantes de África e Ásia, atingiu sua cota há muito tempo. Sua fronteira com a Turquia é considerada a mais vazada da Europa, e leis europeias exigem que os países devolvam os migrantes ilegais ao país por onde eles entraram na União Europeia.

Embora essa lei esteja suspensa na Grécia, aguardando um processo judicial, muitos permanecem ali devido a problemas com documentos, sem emprego ou meios de integração. Eles acabam se estabelecendo em bairros mais perigosos, aprofundando as tendências de pobreza, criminalidade e tráfico de drogas.

Continua depois da publicidade