Essa é a história da Maria Lúcia Pelogia Candido. Mulher forte, guerreira que dedicou a vida ao trabalho de ajudar inúmeras famílias nas comunidades Novo Horizonte, Chico Mendes e Nova Esperança, região continental de Florianópolis. O amor pelas pessoas é o que alimenta sua força de vontade.

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Há 20 anos, ela viu a Creche Municipal Chico Mendes, localizada no Monte Cristo, ganhar os primeiros traços. Ao lado da associação dos moradores, lutou para conquistar o espaço que foi construído em 1996. A creche, inicialmente, era composta por três salas e nove funcionários e atendia 40 crianças.

Após tantas reviravoltas, Maria Lúcia, hoje aos 49 anos, tornou-se diretora da unidade em 2012, e está realizada ao ver a creche de cara nova. A instituição foi ampliada e novas cores ajudam a pintar o sonho dessa comunidade.

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Mas sua trajetória na comunidade começou muito antes, quando Maria ainda era a freira que participava das lutas sociais.

Trajetória

O ano era 1984. Ao atingir a maioridade, no auge da juventude, Maria Lúcia tomou a decisão que selaria sua vida para sempre: se tornar freira. O coração, apesar de triste por se despedir do pai e dos sete irmãos, estava tomado por único desejo: fazer o bem ao próximo.

Foi na cidade de origem, Andirá, no interior do Paraná, que Maria conheceu o trabalho da congregação Irmãs Maristas. Na época, frequentava a igreja católica local e soube do trabalho social que prestavam na cidade. Ali, viu a oportunidade de atuar junto às pessoas carentes.

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A cidade pacata, que se desenvolveu através da agricultura, ficou só nas lembranças. Maria Lúcia percorreu 408 quilômetros até Curitiba, que abrigava o convento Irmãs Maristas, no qual Maria Lúcia desejava ingressar.

— Percebi que poderia estudar e trabalhar ajudando pessoas. Decidi que esse era o propósito da minha vida — conta.

No convento, permaneceu durante três anos, onde também concluiu o ensino médio. Em 1988, foi transferida para Florianópolis, para o bairro da Coloninha, onde havia uma sede das Irmãs Maristas. Lá, participou de diversos projetos sociais e deu continuidade aos estudos teológicos.

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Também começou a trabalhar ativamente nas comunidades da região do Monte Cristo, nas associações de moradores e entidades não-governamentais. Ela se envolveu cada vez mais com ações beneficentes, por enxergar, principalmente, as lutas, dificuldades e até mesmo a violência que as pessoas sofriam.

Maria fez parte do grupo de pessoas que ajudavam tantas outras a se estabelecerem na região. Além cuidar das crianças, participou na batalha de resistência para que todos pudessem permanecer na comunidade e construir suas vidas de maneira digna.

Foi durante esse trabalho, em meio a muitas crianças, que Pedro, de 6 anos, a encontrou. Ele a acompanhava por todos os lugares. Adorava ficar próximo dela. Até que um dia perguntou se poderia se tornar filho de Maria Lúcia.

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— Eu disse pra ele: “lá no convento não tem crianças”.

Mudança de planos

Aos poucos, Maria Lúcia percebeu que não precisava ser uma freira para ajudar pessoas carentes. Por isso, decidiu sair da congregação e foi convidada por uma amiga a morar em sua casa, localizada no Monte Serrat, na Ilha.

Ao mesmo tempo, Pedro e a família, juntamente com outras pessoas, foram transferidos para um terreno na cidade de São José. Mesmo afastados, o amor e amizade construída entre o menino e a ex-futura freira fizeram com que, de alguma forma, o destino os unisse novamente.

Através da própria mãe, Pedro ficou sabendo que Maria Lúcia tinha deixado a congregação. E foi quando Maria fez uma visita à nova moradia do pequeno que ele aproveitou para fazer novamente o pedido. Maria aceitou o pedido e perguntou para Ivone se Pedro poderia morar com elas, com o consentimento de mãe biológica do menino.

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Maria Lúcia, ainda solteira, continuava seus trabalhos, mas agora tinha algo a mais: a responsabilidade na educação do pequeno Pedro. Apesar da idade, ele não teve dificuldade em acompanhá-la no serviço que prestava nas comunidades.

O tempo passou, e após um ano morando no Monte Serrat, sentiu a necessidade de ter a casa própria. Com o dinheiro que tinha guardado e a ajuda de um casal de amigos, conseguiu comprar uma moradia na Santa Terezinha II, no Continente.

O amor acontece

Em 1994. Maria Lúcia e Evanio Carlos se apaixonaram. Ele veio da cidade de Urubici, morar com o pai Lauro e o irmão Cezar. Foi numa festa na comunidade Santa Terezinha que os dois se encontraram e começaram a conversar. Após um tempo, engataram o namoro e logo se casaram. Dessa relação nasceram dois filhos: Juan Diego, 20 anos, soldado do Exército Brasileiro; e Yuri, 16 anos, que cursa o Ensino Médio. Além deles, o casal adotou Paula, hoje com 16 anos. Atualmente a família habita no Jardim Atlântico. Mas as raízes permanecem no coração das comunidades.

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