Não é possível que a sociedade fique à mercê da ineficiência estatal e continue sofrendo com apagões em uma rotina de imprevisibilidade.

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Os catarinenses estão vivendo um verão estupendo para quem gosta de praia, mas um período de preocupante reflexão sobre a eficiência dos serviços públicos. A falta de luz que atinge parte de municípios do Estado desde a quarta-feira é apenas o mais recente capítulo da carência de estrutura e gestão. Sob a alegação de grande ou inesperada demanda, as estatais Casan e Celesc têm se esmerado para tentar explicar o inexplicável. O contribuinte que paga impostos – e cada vez mais caros, como comprovam os recentes reajustes de IPTU de algumas cidades – tem todo o direito de ser atendido em quesitos básicos como água e luz.

Já não dá mais sequer para usar o humor e cantar a marchinha de outrora, na qual “de dia falta água/de noite falta luz”. Em parte de Santa Catarina, faltam água e luz de dia e à noite, às vezes por 12 ou 13 horas seguidas. Na quinta-feira e ontem até a população da pequena Araquari, na região Norte, saiu às ruas para protestar contra a falta de água. Pergunta-se: também lá o fluxo turístico seria o culpado?

Alertado por leitores, ao abrir o site para interagir com quem estava sem energia elétrica em casa ou no local de trabalho, o Diário Catarinense foi demandado por uma multidão inconformada na manhã e tarde de ontem. São relatos que valem ser lidos, pois traduzem com fidelidade o atual quadro de desabastecimento do Estado. Depoimentos dão conta de falta de energia por mais de 13 horas, como em Águas Mornas, município da Grande Florianópolis, na quarta-feira.

Aliás, a própria direção da estatal estava se valendo do mapa interativo do diario.com para se informar. Não bastasse o mapa útil desenhado pelo DC, nas redes sociais também pipocam súplicas. São donas de casa, pessoas de todas as idades, trabalhadores de empresas privadas ou públicas. Em um centro comercial da SC-401, em Florianópolis, por exemplo, os funcionários tiveram de ser liberados mais cedo na tarde de sexta devido à falta de energia.

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Não é possível que a sociedade fique à mercê da ineficiência estatal e continue sofrendo com apagões de água e luz em uma rotina de imprevisibilidade quanto à manutenção das atividades cotidianas. Como em todas as outras áreas, no poder público também o planejamento é essencial para que as coisas andem. Especificamente no caso do fornecimento de energia elétrica aos consumidores – sejam residenciais ou empresariais -, é imprescindível que sejam feitas projeções populacionais que levem em conta a sazonalidade turística, a probabilidade de temperaturas altas e a demanda necessária para o desenvolvimento do setor produtivo. Os casos registrados na atual temporada catarinense indicam que há muita lição de casa a ser feita pelos órgãos competentes.