Depoimentos dados ao Ministério Público (MP) durante as investigações da Operação Tapete Negro indicam a ocorrência de três supostas irregularidades: o uso de funcionários da Companhia Urbanizadora de Blumenau (URB) – em horário de expediente – para fazer campanha nas eleições de 2012, a pavimentação de ruas em troca de votos usando a estrutura da empresa e a indicação de um servidor “laranja”.

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Os depoimentos aos quais a reportagem do Santa teve acesso foram tomados em julho pelo promotor da Moralidade Pública Gustavo Mereles Ruiz Diaz. As testemunhas convocadas a depor pelo MP reforçam as suspeitas de crimes eleitorais contra o vereador Robinsom Soares, o Robinho (PSD).

Em primeira instância, o vereador teve o mandato cassado no dia 31 de janeiro. O mesmo ocorreu com os vereadores Fábio Fiedler (PSD) e Célio Dias (PR), além dos suplentes Bráz Roncáglio (PR) e Almir Vieira (PSD). Todos recorreram, mas ainda não há data para julgamento no tribunal. Enquanto isso, permanecem nos cargos.

Um dos depoimentos que sustentam as suspeitas de crime eleitoral contra Robinho é o de um ex-funcionário da URB, que pediu para não ser identificado. Ele afirmou que sete servidores lotados na URB passavam o dia fazendo campanha para o vereador.

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“Iam pela manhã no setor apenas para comparecer, logo saíam e depois retornavam no final do expediente”, descreveu. “Não existia cartão ponto diário no setor administrativo, (…) mas ao final do mês vinha o cartão pronto, apenas para os funcionários assinarem”, explicou.

Além do deslocamento de servidores, o ex-funcionário apontou o uso da estrutura da companhia. “Todos saíam do setor com os carros da URB, alugados, para trabalhar na campanha de Robinho”, afirmou. Conforme o depoimento, havia também a produção de materiais de campanha no local.

Contou que ao chegar pela manhã viu plotagens da campanha de Robinho prontas e ficou sabendo que um funcionário ia depois do expediente no setor para confeccionar este material e levar no dia seguinte ao comitê. O mesmo, segundo a testemunha, ocorria com uma máquina para fotocópias.

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Convocado pelo Ministério Público para depor em 11 julho, Robinsom Soares optou por permanecer calado e manifestar-se apenas em juízo. As investigações civil e criminal do caso seguem com o promotor Ruiz Diaz, que prepara relatório do caso. Até o fim de julho, 24 pessoas foram ouvidas. (Colaborou Aline Camargo)

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