Os governadores Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, e Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, viverão dias tensos na próxima semana. Os dois são os próximos depoentes da CPI do Cachoeira.

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Perillo chegará para depor, na terça-feira, numa situação mais complicada que a do colega Agnelo, que fala na quarta.

Nesta semana, os parlamentares ouviram o empresário Walter Paulo Santiago, suposto comprador da casa vendida por Perillo e onde o contraventor Carlinhos Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em fevereiro. A versão dada por Santiago, de que pagou em dinheiro pela residência, contradisse a versão do governador goiano de que teria recebido em cheques.

A fala de Santiago também contrapôs o depoimento do ex-vereador Wladimir Garcez, que havia dito na CPI ter comprado a casa, mas como não dispunha do valor (cerca de R$ 1,4 milhão) tomou o dinheiro emprestado com Cachoeira e com Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste.

Com os depoimentos, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que o pedido de quebra de sigilo do governador foi reforçado. Para ele, somente assim poderá ser possível esclarecer se Perillo recebeu duas vezes pela casa, o que daria um total de R$ 2,8 milhões, e o que fez com o dinheiro.

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Além da venda da casa, o goiano ainda terá que explicar a denúncia do radialista Luiz Carlos Bordoni de que teria recebido dinheiro da Alberto & Pantoja Construções como pagamento por serviços prestados à campanha de Perillo para o governo de Goiás. Segundo a polícia, a Pantoja é uma empresa de fachada do esquema criminoso de Cachoeira, destinada à lavagem de dinheiro.

Agnelo convocou assessores para treinar depoimento

O governador do Distrito Federal recrutou uma equipe formada por jornalistas e juristas. A função deles é preparar Agnelo Queiroz para o depoimento que dará na CPI. Diariamente, ele responde a questões relacionadas principalmente à Delta.

Gravações feitas pela PF mostram integrantes do grupo de Cachoeira negociando propina para conseguir benefícios para a construtora no DF. Agnelo é suspeito de favorecer a Delta em contratos no governo, principalmente no recolhimento de lixo. Na quarta, o governador rompeu os contratos com a empresa.

Além dos depoimentos dos governadores, a CPI do Cachoeira ainda terá sessão administrativa na quinta-feira. Senadores e deputados votarão os requerimentos para convocar o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, e do dono da construtora Delta, Fernando Cavendish.

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A semana na CPI do Cachoeira:

– TERÇA-FEIRA (12): Marconi Perillo (PSDB-GO) irá depor a partir das 10h15min.

– QUARTA-FEIRA (13): é a vez de Agnelo Queiroz, que fala a partir das 10h15min.

– QUINTA-FEIRA (14): em sessão administrativa, deputados e senadores votam requerimentos. Entre eles, há nove pedindo a convocação do ex-diretor do Dnit, Luiz Antonio Pagot. Também constam pedidos de convocação do dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, além de quebras de sigilos bancário, fiscal e telefônico de várias empresas suspeitas de participação no esquema do contraventor goiano.