Só durante 2020, a pouco mais de um mês para o fim do ano, Joinville já ultrapassou o número de boletins de ocorrência registrados em todo o ano anterior por injúria racial e racismo. Foram 166 boletins protocolados nas delegacias de polícia de Joinville durante 2019 contra 168 durante este ano.
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Com relação a dois anos antes, em 2018, o aumento representa 110% em comparação a 2020. Foram registrados 80 boletins durante os 12 meses do ano retrasado.
Na última quarta-feira (18), a vereadora eleita Ana Lúcia Martins prestou depoimento após sofrer ataques e ameaça de morte em redes sociais. Com 3.126 votos contabilizados no último domingo (15), ela é a primeira vereadora negra eleita em Joinville. A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar o caso.
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– Estamos em 2020 e ainda recebendo esse tipo de reação na eleição legítima de uma vereadora – pontuou Ana Lúcia em entrevista ao Bom Dia Brasil nesta quinta-feira.
Conforme a delegada regional da Polícia Civil de Joinville, não há como precisar se houve um aumento de casos ou se os números representam apenas o aumento de denúncias.
– A elevação pode ser decorrente tanto do aumento de casos, como também de uma maior consciência sobre a necessidade da denúncia. Eventualmente pode não ter havido um aumento de casos, mas as pessoas não estarem aceitando isso passivamente, caladas, e estarem efetuando mais registros. Não há como dizer o que aconteceu precisamente neste momento porque exige um estudo mais aprofundado – explica a delegada.
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Professores atacados virtualmente durante eventos
Nos últimos meses, Joinville e região também registraram casos de ataques virtuais racistas durante palestras online. O mais recente foi no Instituto Federal Catarinense (IFC).
De acordo com o instituto, durante o evento, algumas pessoas se infiltraram entre os participantes da sala virtual e iniciaram uma sequência de ataques com textos, falas, sons e imagens obscenos, ofensivos e racistas. O evento foi promovido em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) e fazia parte da programação do Mês da Consciência Negra.
Já em agosto, um professor da Univille alvo de ofensas raciais durante uma transmissão online. O evento era um seminário educacional organizado pela Associação Empresarial de Joinville (Acij), que reunia professores e estudantes universitários.
Durante a apresentação do professor Jonathan Prateat, a transmissão foi invadida por hackers que silenciaram o microfone do professor e iniciaram uma série de xingamentos. Jonathan foi chamado de “macaco” e outras ofensas raciais, e na sequência os invasores exibiram vídeos pornográficos até a transmissão ser cortada.
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Como denunciar
A Polícia Civil faz um apelo à população para que denuncie qualquer tipo de situação que envolva racismo. A polícia reforça que os dados são sigilosos e contam com apuração da equipe policial. Os canais são as redes sociais da Polícia Civil, o número 181 ou por meio do whatsapp no número (48) 9 8844-0011.
