O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou nesta segunda-feira que as denúncias envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), são infundadas. O dirigente disse também que no Brasil, hoje, há uma “inversão de valores” e que as pessoas precisam se provar inocentes.

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— São denúncias infundadas, haja vista que o sítio tem escritura, tem nome de proprietário e o proprietário faculta a visita a esse sítio pra quem ele quiser, principalmente ao presidente Lula, com quem um dos proprietários praticamente foi criado, desde a infância. Então, é uma denúncia que não faz nenhum sentido — afirmou em relação à propriedade de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios de um dos filhos de Lula, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.

— Hoje as pessoas têm que provar que são inocentes. No caso, embora a escritura esteja registrada em cartório em nome de outra pessoa, o presidente Lula é que tem que provar que não é dele. É uma inversão de valores, uma inversão dos fatos, e vocês ficam propagando isso, inclusive — prosseguiu Falcão ao se dirigir à imprensa.

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O dirigente participava de uma coletiva após reunião do Conselho Político do PT. Durante a coletiva, Falcão foi evasivo tanto em questões relacionadas ao ex-presidente, que participou da reunião do conselho, quanto em relação ao posicionamento do partido sobre temas econômicos.

O presidente do PT abriu sua fala a jornalistas dizendo que o encontro não tratou de estratégias de defesa de Lula com relação às denúncias ligadas ao sítio e ao triplex no Guarujá (SP) — sobre o qual Lula e a mulher Marisa Letícia foram chamados a depor na próxima quarta-feira.

— Primeiro, queria desmentir cabalmente uma antecipação que houve em alguns sites de que essa reunião era pra discutir linha de defesa do presidente Lula, isso não ocorreu, não estava na pauta e não foi mencionado — afirmou.

Questionado sobre a nota enviada por ele próprio mais cedo, falando de “solidariedade” ao ex-presidente, Falcão chegou a dizer que não sabia da nota assinada por ele e, depois, afirmou que não havia associado o assunto.

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“As ameaças crescentes ao Estado democrático de Direito, a ofensiva reacionária para criminalizar o PT e a escalada de ataques ao companheiro Lula são temas prioritários na reunião do Conselho Político da Presidência do PT”, dizia a nota assinada por Rui Falcão e divulgada na manhã desta segunda-feira.

— Não tratamos desse assunto — respondeu o dirigente na coletiva.

Havia expectativa de petistas de que Lula desse uma resposta mais clara sobre qual será sua linha de defesa. Segundo fontes ouvidas pela Agência Estado, a reunião, que durou cerca de três horas, falou sobre crise política e econômica no País e a defesa de Lula não foi centro de debates.

Sindicalistas criticaram a proposta de reforma da Previdência, e houve uma intervenção de um integrante do conselho reclamando da entrevista do marqueteiro Edinho Barbosa ao jornal Estado de S. Paulo no último domingo. Na entrevista, o marqueteiro, que voltou a trabalhar com as campanhas nacionais do PT no fim do ano, admitiu que pode ter havido um erro de avaliação do partido do desgaste que as denúncias sobre o sítio e sobre o triplex poderiam ter sobre a imagem de Lula e da legenda.

Edinho Barbosa chegou a dizer também que o partido precisa deixar o discurso das “reclamações queixosas”, de vitimização e postura contra a grande mídia.

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— Não vi a entrevista do Edinho, essa questão deve ser examinada com ele. Não sei o que é erro de avaliação e em que aspecto, talvez ele tenha alguma pesquisa — desconversou Rui Falcão ao ser perguntado sobre as falas do marqueteiro ao jornal.

Economia

Rui Falcão ressaltou que o Conselho Político tem papel consultivo e não deliberativo, e que as sugestões elaboradas no colegiado serão levadas à reunião do Diretório Nacional do PT, no Rio, no fim do mês. Ele não quis dar qualquer detalhe sobre propostas que o partido pode apresentar para a retomada do crescimento econômico do País.

Sobre a reforma da Previdência, disse que o PT não vai “interditar o debate”, mas que mantém a posição de que qualquer mudança deve ser discutida no fórum criado pelo governo, com participação de empresários e trabalhadores.

— Nós já nos posicionamos com relação à reforma da Previdência dizendo que o foro legitimo é o foro criado pelo governo, que vai se reunir na quarta-feira, entre empresários, trabalhadores da ativa e aposentados. Nós não vamos interditar o debate, ele já se iniciou nesse foro, onde foi aprovado o 85/95. Se há outras sugestões, esse foro vai examinar — finalizou.

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