O grande aumento no número de casos graves de dengue em Santa Catarina tem gerado preocupação aos municípios. Com pelo menos 21 cidades em situação de alerta, o Estado já soma 27 casos graves e 30 mortes em 2022.
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O número é alto na comparação com os últimos dois anos. Em 2020, Santa Catarina teve apenas um caso grave e nenhuma morte. Já em 2021, esses dados cresceram e o Estado chegou a registrar 10 casos graves e sete mortes.
Segundo o professor de Parasitologia da UFSC José Henrique Oliveira, apesar do grande aumento de casos graves da doença, não houve nenhuma mudança na biologia do mosquito. De acordo com ele, o número de positivados graves e mortes se dá por conta do aumento no número de casos.
— Aumentaram os casos graves porque a frequência de dengue aumentou. O vírus não mudou de comportamento e não há variantes igual a Covid-19, não precisa fazer nenhum tipo de paralelo entre elas [doenças] — explica o especialista.
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De acordo com ele, dias quentes e verões mais intensos podem colaborar com o aumento no número de mosquitos em circulação. O que, por consequência, ocasiona crescimento no número de confirmados.
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Com a chegada do frio, os dados tendem a diminuir e devem voltar a aumentar em novembro e dezembro. Conforme explica o professor de Parasitologia, as epidemias de dengue possuem um comportamento cíclico e acontecem a cada dois ou três anos.
— Não entendemos a natureza cíclica de epidemias, muitas coisas influenciam. Pessoas imunizadas com dengue, por exemplo, esse ano tem muita gente com a doença e isso gera anticorpo protetor por pelo menos um ano. Ano que vem, essas pessoas vão ser refratárias e isso faz com que o vírus circule menos. Isso é um elemento importante que acontece na ciclagem da epidemia, mas a gente ainda tem muita dificuldade de entender o porque ela vem e vai, são muitos fatores — comenta.
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Apesar de os pacientes desenvolverem anticorpos contra a doença, ainda é possível testar positivo para dengue. Conforme o que explica Oliveira, a dengue possui quatro sorotipos e. quando uma pessoa é atingida por um deles, apresenta imunidade apenas para o qual foi infectada. No entanto, caso venha a ser contaminada por outro, pode apresentar caso mais grave porque ao invés de proteger contra a doença, os sorotipos da dengue empurram o”novo” vírus para a célula.
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— Uma pessoa pode apresentar caso grave na primeira vez, em todos os sorotipos. A gente não entende o por que ainda. Mas, por exemplo, se a pessoa tiver problemas vasculares, a doença pode vir a ser mais severa — diz.
Os números, conforme explica o virologista da UFSC Daniel Mansur, são preocupantes, mas ainda baixos para uma situação epidêmica.
— Me parece ser só um reflexo no número de casos — afirma.
Epidemia em SC
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