Entre quatro paredes, no CFT do Cambirela, a comissão técnica e as lideranças do Figueirense se reúnem. Era a chegada do técnico Argel, há duas semanas. Olhos nos olhos dos seus novos jogadores, o recém chegado técnico Argel está com o semblante sério, ele quer vencer no comando do novo clube.
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Sentados à sua frente, sete líderes do grupo Alvinegro. Ao seu lado, o auxiliar Claudiomiro Salenave e o preparado-físico Eduardo Langer, companheiros fiéis. A conversa, a reunião, serve para ganhar o grupo, que está com a moral no chão após a perda do Catarinense. É ali que Argel cobra, pede comprometimento e anuncia que haverá um rodízio da braçadeira de capitão.
Dias depois, a democracia Alvinegra teve data pra começar: 19 de maio. Nos vestiários, antes da partida contra o Náutico, na estreia da Série A, o goleiro Wilson não ostentaria mais a braçadeira de capitão. O símbolo de liderança de um grupo, ficaria por conta do experiente volante Ygor. Situação que causou espanto nos torcedores e também naqueles que acompanham o clube diariamente. Após a vitória na estreia, questionado, Argel preferiu o silêncio e uma resposta dura.
– É uma coisa minha – disse na ocasião.
O goleiro Wilson, que na partida comemorava uma marca pessoal de 304 jogos com a camisa preta e branca, preferiu o lugar comum na resposta.
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– O jogador de linha fica mais próximo ao árbitro, é melhor para o diálogo -.
Porém, a mudança do capitão se revelaria uma estratégia de Argel. No Rio de Janeiro, para a segunda partida da Série A, contra o Fluminense, foi a vez do também experiente volante Túlio amarrar em seus braços a braçadeira.
Voz ativa da equipe, o jogador sabe que para o jogo diante do Corinthians, um novo atleta deve ter a responsabilidade de ser os olhos do treinador no gramado. Situação que o volante, presente na reunião do dia 17 de maio, considera normal, porém incomum.
No discurso de Túlio, após o desembarque no aeroporto de Florianópolis, na manhã de ontem, a tática de Argel parece estar surtindo efeito.
– Com a braçadeira ou não, todos têm a mesma responsabilidade – analisou.
É desta forma que Argel, ex-jogador, tenta equilibrar responsabilidades, igualar condições em um cenário extremamente volúvel e inconstante. O tempo dirá se a estratégia servirá para ganhar ou então dividir de vez o grupo na briga pela faixa.
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O DC apurou cinco das lideranças presentes na reunião e que devem participar do rodízio:
Wilson – era o capitão na gestão de Branco. Está machucado, mas demonstrou serenidade com a nova metodologia
Ygor – Foi o primeiro capitão escolhido. Não é espalhafatoso, sereno e um atleta identificado com o clube, já recusou propostas de clubes como o Grêmio
Túlio – Símbolo da experiência, foi o segundo capitão, com o Botafogo. Articulado, seguirá carreira como gestor no futuro.
Fernandes – ídolo da torcida, respeitado pelos atletas e até pelos adversários como jogador modelo dentro e fora de campo.
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Julio Cesar – A fase técnica não é boa, mas fora de campo, pelo currículo, é um atleta que recebe atenção dos demais companheiros