Quando a paraguaia Fatima Abramo embarcou rumo a Jaraguá do Sul em janeiro do ano passado, não imaginava que voltaria para casa carente do trabalho no qual atuou por cerca de dez anos. Foi durante o Festival de Música de Santa Catarina (Femusc) de 2014 que a trombonista recebeu a ligação informando que seria demitida da Orquestra Sinfônica Nacional Paraguaia. No mesmo ano, ela ganhou o prêmio de aluna destaque e confirmou o que já acreditava: o estudo é o caminho certo.

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Aos 29 anos, Fatima retornou ao Brasil neste ano para mais uma edição do Femusc. Um ano após sua demissão de uma das mais importantes orquestras de seu país, ela diz que o episódio foi como um aprendizado doloroso, mas certeiro. Antes de deixar o Paraguai para particpar do 9º Femusc, Fatima e outros colegas de orquestra fizeram uma audição para integrar outra orquestra estadual. Já no evento, ela recebeu uma ligação telefônica informando que não poderia se manter nas duas orquestras e avisando que deveria retornar ao Paraguai, ou seria demitida.

– Não achei que iriam me despedir, pois eu estava fora do País, mas fizeram isso. Fiquei muito triste, pois trabalhei lá por dez anos. Cheguei a pensar em voltar para casa, mas queria terminar o festival. No Paraguai, há poucos professores bons e aqui o nível é muito alto. Achei mais importante minha formação – conta ela.

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Triste com a notícia da demissão, Fatima recebeu no mesmo dia uma surpresa. O prêmio de aluna revelação foi entregue na mesma noite em que recebeu o telefonema do Paraguai.

– Me dei conta de que estou fazendo bem as coisas. Por mais que haja negativas, estou no caminho certo. E ficar aqui valeu a pena – ressalta.

Além dos contatos e amigos que fez ao longo das duas semanas de festival, Fatima saiu do Femusc com um sonho: cursar mestrado em trombone. O objetivo é voltar ao Brasil para o curso, e a jovem visa a Universidade Federal da Bahia – há um ano estuda português para facilitar o pedido de uma bolsa. Tocar na Orquestra Neojiba, projeto social desenvolvido pelo pianista e maestro Ricardo Castro, na Bahia, seria completar o sonho. Após a volta triste ao Paraguai no ano passado, quando descobriu que 16 músicos foram demitidos da orquestra, neste ano ela retornou tranquila ao Brasil, para seu segundo ano de Femusc. Com emprego na Orquestra do Congresso Nacional, ela foca nas aulas e nos ensaios.