O procurador Deltan Dallagnol, ex-chefe da força-tarefa da Operação Lava-Jato, vai deixar o Ministério Público Federal. A informação foi antecipada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Continua depois da publicidade
> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp
Em vídeo publicado nas redes sociais nesta quinta-feira (4), Deltan confirmou a decisão dizendo que tem várias ideias para seu futuro e defendendo o “voto consciente”. “Posso fazer mais pelo país fora do Ministério Público”, disse ele, sem detalhar se entrará na política, como o ex-juiz Sergio Moro, que anunciou filiação no partido Podemos.
Após mais de 18 anos de trabalho em amor ao próximo, estou saindo do Ministério Público e queria contar a você o porquê. Minha vontade é fazer mais, fazer melhor e fazer diferente diante do desmonte do combate à corrupção que está acontecendo: https://t.co/KToDsr79FO
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) November 4, 2021
A filiação de Moro deve ocorrer na semana que vem, o que abre caminho para sua candidatura à Presidência da República.
Continua depois da publicidade
> MPF processa União por danos causados por Moro e pela Lava Jato
Deltan, 41 anos, foi o principal porta-voz do Ministério Público Federal na operação deflagrada em 2014. Além da presença na mídia, cabia a ele organizar as diferentes frentes de apuração entre a equipe de procuradores envolvidos no caso. Tinha participação reduzida no dia a dia dos processos e das audiências na Justiça Federal.
Ele ingressou na operação logo em suas primeiras fases, quando o então procurador-geral Rodrigo Janot decidiu formar uma força-tarefa para se dedicar exclusivamente ao caso, diante das dimensões das descobertas em andamento.
No auge da operação, em 2016, ficou marcado pela apresentação de um PowerPoint contra o ex-presidente Lula.
Em 2020, desgastado pela divulgação de conversas que manteve no aplicativo Telegram, ele pediu desligamento dos trabalhos da operação, citando motivos familiares. Continuou, porém, se manifestando em redes sociais e em entrevistas sobre temas ligados à Lava-Jato e à corrupção.
Continua depois da publicidade
> Charge do Zé Dassilva: A suspeição de Moro
A saída de Deltan da investigação ocorreu já em um momento de declínio, quando o procurador-geral Augusto Aras procurava mudar o modelo de trabalho de forças-tarefas. O grupo exclusivo da Lava-Jato foi encerrado em fevereiro deste ano – como o jornal Folha de S.Paulo mostrou nesta semana, agora os investigadores até evitam usar o nome da operação.
Em meio aos embates com políticos, Deltan se tornou alvo de procedimentos no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Uma das representações o acusava de interferência em eleição para a presidência do Senado, em 2019, devido a críticas feitas ao senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Quando era questionado sobre a intenção de deixar a carreira no Ministério Público para entrar na política, Deltan costumava desconversar.
> Catarinense Unifique e União Copel vencem leilão para 5G na Região Sul
Em 2018, disse ao jornal Folha de S.Paulo que tinha sido procurado por partidos e não quis dialogar:
– Nunca tive o sonho de ser político ou criei planos concretos nessa direção. Ao mesmo tempo, eu me vejo contribuindo com a sociedade no futuro de diferentes possíveis formas. Inclusive em outras posições públicas e na iniciativa privada.
Continua depois da publicidade
No caso Telegram, um dos principais fatores de desgaste foi a proximidade demonstrada com o então juiz Moro. As conversas mostraram que Deltan antecipou o teor de acusações feitas contra Lula.
* Por Felipe Bächtold
Leia também
Leilão do 5G: entenda o impacto dessa tecnologia na sua vida
Ciro Gomes suspende pré-candidatura após votos do PDT a favor da PEC dos Precatórios
Bolsonaro presta depoimento sobre suposta interferência na PF