Em uma arborizada rua do Rio Tavares, distante do eixo comercial de Florianópolis, está uma das floriculturas mais interessantes da cidade. Há um ano estabelecida no tranquilo bairro do Sul da Ilha, a casa que acomoda a We Plant, charmosa flowershop da arquiteta e florista Maria Mercadante Bedrikow, ganhou recentemente um complemento de peso. Desde abril, Lie Manuela Silveira, designer das joias minimalistas de Liê Joalheria Artesanal, montou seu ateliê por ali, compartilhando o espaço agora multifunção e dando um upgrade no mix da região.

Continua depois da publicidade

Contemplar o trabalho das duas, embora uma esteja às voltas com metais e ferramentas brutas, e a outra entre galhos, mudas e flores, é reparar na conexão entre elas. Tanto nas joias delicadas e sem excesso de ornamentos, quanto nos buquês que mais parecem uma reprodução livre da natureza (bela, caótica e assimétrica), as artistas compartilham o respeito pela matéria-prima, quase puristas na forma de apresentação de suas obras.

– Já conhecia a floricultura e adorava o espaço. Quando me mudei para Florianópolis, usei a encomenda de um terrário como desculpa para a visita e perguntei a Maria se havia alguma sala disponível na casa – diverte-se Lie, descendente de japoneses e alemães que largou a carreira de cinco anos na Whirlpool, em Joinville, em busca de uma produção autoral e artesanal. A vida longe das grandes escalas da indústria e o recomeço na Capital mostraram um mercado ávido pela exclusividade. Hoje, o carro-chefe da joalheria são os anéis personalizados. Com um briefing que inclui a personalidade e as predileções dos presenteados, Lie consegue chegar em peças que não se encontram nas vitrines dos shoppings.

– A primeira encomenda foi de um amigo que queria pedir a namorada em casamento. Ele me explicou como ela era, me inspirei e fiz um anel. A felicidade dela quando ganhou me deu uma imensa gratificação. Pensei: puxa, por meio do meu trabalho, consigo tornar a vida de uma pessoa mais importante – conta Lie, sobre um dos insights motivadores para seguir na carreira dividida entre encomendas e coleções, sempre restritas, numeradas e vendidas pela internet.

Peças tão exclusivas como os buquês da We Plant, onde os arranjos de rosas vermelhas com mosquitinhos enrolados em plástico passam bem longe. A paixão pelas flores e pela botânica precedeu, e muito, o curso de arquitetura.

Continua depois da publicidade

– Minha mãe e minha avó já tinham mania de apanhar flores e colocar num vaso em casa. Herdei isso e sempre gostei de planta e de coisas exóticas. Depois de me formar em arquitetura, resgatei a paixão, estudei paisagismo e comecei fazendo terrários. Via floriculturas diferentes e lindas em São Paulo e fora do Brasil e não entendia porque aqui os arranjos eram tão quadrados – relembra Maria.

Não demorou muito para a paixão virar negócio e, coincidência ou não, também povoado por noivas encantadas pelo trabalho nada óbvio e seus buquês com capins e sementes como a pimenta rosa, fruto da aroeira, árvore bem comum na Ilha.

– Além da beleza eu acho que as plantas têm uma energia oculta e misteriosa. Todo mundo que entra aqui menciona essa energia – defende.Sobre a ambição de fazer o negócio crescer, a dupla também compartilha da mesma crença.– Não me imagino crescendo muito. Minha definição de sucesso é a minha liberdade. Em uma quarta-feira, por exemplo, poder passar a tarde na Praia do Rosa, se eu quiser – finaliza Lie.

We Plant/Liê Joalheria Artesanal: Servidão Elpídio da Rocha, 330, Rio Tavares. Mais infos clique aqui.

Continua depois da publicidade