O ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, destacou nesta terça-feira que o Brasil deve entender que não contará com a ajuda da economia internacional para sustentar seu crescimento daqui para a frente. Continua depois da publicidade – Nós vamos ter de repensar nosso investimento. Não podemos confiar num grande progresso do mundo. Não podemos imaginar a volta àquele progresso extraordinário pelo qual fomos beneficiados de 2003 a 2010 – afirmou, durante o evento Diálogos Capitais, que acontece em São Paulo. O economista afirmou ainda que não há nenhuma “tragédia” à vista no Brasil, mas é preciso resolver questões internas no novo cenário da economia. – Não temos nada que mostre que estamos caminhando para desequilíbrio fiscal monumental. Nossa inflação é desconfortável, mas não há risco de perder o controle. Nós não estamos no apocalipse, nem com o apocalipse à vista – disse. Para o ex-ministro, o governo e o mercado precisam compreender que “são indispensáveis” no processo de crescimento do País. Continua depois da publicidade – Se nós não formos capazes de superar esse problema que é nosso, que nós construímos internamente, provavelmente vamos continuar patinando uma taxa de crescimento muito baixa. Não devemos esperar nada muito entusiasmante do exterior – disse o ex-ministro. Ele mencionou ainda que os mercados dependem fundamentalmente de um Estado forte constitucionalmente construído. – Por outro lado, sem mercados que funcionem adequadamente dificilmente vai alocar os fatores com a eficiência necessária – completou. Delfim afirmou que o crescimento depende de aumento da produtividade e da expansão do capital do trabalho. O ex-ministro destacou também que o País “insistiu em usar o juro como instrumento para controlar o câmbio, controlar a inflação”, o que “destruiu um sofisticadíssimo processo industrial”: Continua depois da publicidade – Qual foi o resultado? No começo a valorização do câmbio roubou a demanda externa da indústria brasileira, depois a supervalorização roubou a demanda interna. Questionado sobre a chamada “contabilidade criativa”, o economista afirmou que “aquela quadrangulação ultraimaginosa de 2012 está na origem do desconforto que a sociedade teve com o governo”. – Aquilo foi demais, até para mim, que apoiava o governo – disse.
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