Delfim Pádua Peixoto Filho entrou em uma batalha na qual promete ir até as últimas consequências: a busca pelo poder da CBF. Contra aquilo que considera ser um golpe para impedi-lo de assumir o comando da entidade máxima do futebol nacional, o cartola que preside a Federação Catarinense de Futebol (FCF) há três décadas aposta em duas frentes para derrubar os rivais políticos: a Justiça comum e, principalmente, o Comitê de Ética da Fifa, a principal carta na manga.
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A estratégia nos dois casos é a mesma. Quer desfazer a decisão da assembleia geral da CBF que elegeu em dezembro o coronel Antônio Nunes, presidente da Federação Paraense, como vice da região Sudeste da CBF. Acontece que, por ter 77 anos, o coronel ultrapassou Delfim, 74, como o vice mais velho da entidade. Assim, passa a ser o primeiro na linha sucessória em caso de Marco Polo Del Nero, presidente licenciado e denunciado pela Justiça norte-americana, ficar impossibilitado de voltar ao cargo.
Rival está no “mundo da lua”
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Na Justiça brasileira, Delfim espera anular a eleição de Antônio Nunes, a quem define como alguém “no mundo da lua”. Assim, e com uma possível punição definitiva de Del Nero pela Fifa, por suspeitas de corrupção no futebol, o catarinense seria catapultado da FCF para a CBF.
O interesse foi tornado público em uma carta assinada por ele mesmo, em que critica a estratégia de seu desafeto Del Nero e apresenta propostas para moralizar o futebol brasileiro, caso assuma. É sobre isso e outros aprendizados da temporada passada que o mandatário da Federação Catarinense falou em entrevista recente à rádio CBN Diário. Confira a seguir os principais e mais polêmicos pontos do bate-papo. ?
O ano que não terminou
“Falando da parte política e jurídica do futebol brasileiro, 2015 não terminou e nem vai terminar. É como declarei logo após a assembleia geral da CBF que elegeu o coronel (Antônio Nunes, vice-presidente da CBF). A briga estava começando. Entramos com uma liminar de que a convocação havia sido ilegal. Ganhamos a liminar, que depois foi cassada. O Judiciário está em recesso, mas a ação vai continuar normal. Agora, vem a ação comum, a ação propriamente dita. Não é mais a liminar.” ?
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À espera da Fifa
“O que pode acontecer é vir antes a decisão de Fifa. Agora, com essas duas pauladas que deu no (Joseph) Blatter e no (Michel) Platini (dirigentes afastados temporariamente do futebol), para bater no José da Silva não vão contar até três. E vou dizer a pessoa que me falou. Eric Lovey (empresário suíço ligado à Fifa) falou comigo no telefone e disse: ‘Delfim, não escapa nenhum dos três, nem (José Maria) Marin, nem Marco Polo, nem Ricardo Teixeira’.” ?
De olho na presidência
“Não fui eu que pedi, mas o vice substituto legal sou eu. Não busquei isso. E o Marcus Vicente (presidente atual, indicado após licença de Del Nero) andou falando comigo. Pediu que eu poupasse, desse uma aliviada com ele mesmo. E, mesmo assim, falei na assembleia e depois sobre o meu descontentamento. Só preservei o coronel (que assumiu o posto de primeiro na linha sucessória), porque ele está sempre no mundo da lua.” ?
Lições de 2015
“Não foi um ano bom. No Campeonato Catarinense, talvez a fórmula não tenha sido muito feliz, por causa daquela maneira de ficarem quatro times para disputar o título e seis para disputar o descenso. Ficou o Avaí fora da disputa, mas acabou dando Figueirense, com aquela confusão que estragou o campeonato. Para o futebol catarinense não foi bom. Na competição nacional não foi por falta de aviso meu antes de começar o torneio. Disse aos clubes para que não ficassem sentados em cima do trono da glória. Na projeção, foi ruim porque ninguém esperava que caíssem dois.”
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Rixa com Eurico Miranda
“O Eurico (Miranda, presidente do Vasco) é um cara que era meu amigo de quase 30 anos. Assisti jogo no camarote dele fumando charuto junto. Era amigo, mesmo. Nós jantávamos juntos toda a vez que tinha assembleia geral no Rio de Janeiro, e de repente, escuto o cara falar um monte de coisas, então tinha que defender os nossos clubes.”