O resultado da investigação da Deic no caso do ferro-velho evidenciou que o processo da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de destinar sucata para trituração acabou configurando-se num esquema que trouxe prejuízo financeiro à administração pública e lucro classificado de astronômico a uma das empresas beneficiadas.

Continua depois da publicidade

Numa das carretas desviadas, a Deic apurou que foram transportados 18,9 mil quilos de material ferroso avaliado em R$ 3,6 mil. Só que o valor de mercado do que foi levado (peças e motores) alcançava R$ 109,8 mil, conforme constatou laudo pericial.

“A mudança do objeto do contrato de material ferroso para peças passíveis de reaproveitamento e comercialização gerou para a empresa um lucro astronômico e um grave prejuízo à administração pública”, escreveram os delegados no inquérito.

Os policiais afirmam que entre as peças desviadas havia motores vinculados a processos criminais e que agora, anos após as apreensões, eles retornaram a locais semelhantes àqueles em que foram apreendidos, ou seja, ao comércio de peças usadas de veículos, comumente chamados de “robautos”.

Continua depois da publicidade

A polícia afirma que três carretas teriam sido desviadas irregularmente do complexo da SSP e que apenas uma carga foi devolvida, no mês passado, pela G-Truck. O destino do material das outras duas é desconhecido.

No documento, os delegados também lançam dúvida se a exoneração do então diretor da Deic, delegado Cláudio Monteiro, foi por irregularidades ou em razão do desconforto criado entre a Deic e a cúpula da SSP por causa dessa investigação.

Monteiro comandava a Deic no auge da investigação. O secretário da SSP, César Grubba, disse que o exonerou do cargo, em abril, por desvio de diárias recebidas por uma viagem para uma operação da qual não participou.

Continua depois da publicidade

A reportagem tentou contato ontem com o secretário Grubba por meio de sua assessoria de imprensa, mas ele declarou que não irá se manifestar sobre o indiciamento do seu secretário-adjunto enquanto não for comunicado oficialmente disso.