O delegado José Antônio Peixoto, suspeito de tentar extorquir um empresário e cônsul honorário do Marrocos em Santa Catarina, chegou a participar das investigações do caso.

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Nos últimos quatro meses, o empresário recebeu no consulado dez cartas anônimas com ameaças. Segundo as investigações, o delegado pedia R$ 2 milhões para que nada acontecesse aos familiares do cônsul.

– Eu recebi a primeira carta no dia 23 de abril. Como eu não leio português bastante, minha esposa que abriu e começou a chorar. Eu vi a carta avisando ‘você tem que dar um valor alto de dinheiro, senão vamos matar, seqüestrar tuas filhas, tua esposa’. Ficamos apavorados – contou o empresário, que não quer se identificar.

Segundo informações da polícia, foi o delegado que levou a vítima, de quem era amigo, até a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) para que o caso fosse investigado. Peixoto chegou inclusive a participar das investigações como se não soubesse de nada, até que os outros policiais começaram a desconfiar do colega e tiveram que mudar de estratégia.

De acordo com o delegado Renato Hendges, da Deic, José Antônio Peixoto admitiu que era o autor da extorsão, na presença da própria vítima. Ele utilizava conhecimentos técnicos e manuseio de provas que dificultaram as investigações.

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A polícia também investiga a possibilidade de outra pessoa ter participado da extorsão. O inquérito que investiga o caso deve ser concluído em 30 dias.

– Ele vai ser indiciado como autor da extorsão mediante grave ameaça – disse Renato Hendges.

A família do cônsul está perplexa depois que descobriu que as ameaças vinham do amigo mais próximo.

– Era um dos melhores amigos pra mim, um (com quem tenho) mais relacionamento – disse o empresário.

O delegado, que foi afastado do cargo, não foi encontrado na cassa dele, em Itajaí, nesta sexta-feira. Ele também deve responder a processo administrativo.

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Se as suspeitas forem comprovadas e o delegado condenado, ele poderá ser exonerado do cargo. Se já estiver aposentado, poderá perder a aposentadoria.

O delegado José Antônio Peixoto já foi diretor da Academia da Polícia Civil (Acadepol) de Santa Catarina e delegado assessor especial da chefia da Polícia Civil do Estado. Ele não tinha nenhum antecedente criminal.