Afastado há duas semanas do comando da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) por suspeita de desvio de diárias, o delegado Cláudio Monteiro atuará à frente da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE).

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Esta foi a única medida concreta anunciada pelo delegado Laurito Akira Sato, ontem, em Florianópolis, no seu primeiro dia como novo diretor da Deic, no lugar de Monteiro. O delegado-geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D’Ávila, que também estava presente na entrevista com os jornalistas, no auditório da Deic, preferiu mais cautela.

– Ainda não conversei com o delegado Monteiro sobre isso – disse Aldo, dando a entender que a decisão pode não ser definitiva.

Monteiro acumulava a direção com as atividades na DRE, uma das divisões da Deic, na qual destacou-se com as ações de combate a quadrilhas envolvidas com o tráfico de drogas. Nos dias seguintes à exoneração da chefia, o delegado estava distante da Deic. Apesar de ter retornado ontem ao trabalho, Monteiro não apareceu no auditório durante o encontro do novo diretor com a imprensa.

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Ele ainda não foi ouvido pela Corregedoria da Polícia Civil na apuração sobre as diárias. A sua defesa mantém a estratégia de silêncio no caso, pois seu futuro na Deic e na própria polícia dependerá do que irá apontar o inquérito – Monteiro foi exonerado porque se apropriou de diárias para uma operação da qual não participou. No mesmo período, ele estava numa viagem pessoal a Miami (EUA).

À noite, Akira fez uma primeira reunião com os policiais da Deic. Embora tenha sido recepcionado de forma positiva pelos colegas, o clima entre os policiais na diretoria ainda é de revolta com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Na visão de alguns policiais, Monteiro perdeu o cargo por razões políticas e pela investigação de desvio de peças do complexo da SSP, que vinha comandando desde o final de 2011. Na semana passada, a Comissão de Leilões do Detran foi afastada pela SSP após delegados da Deic vazarem informações do caso.

ENTREVISTA: Laurito Akira Sato – Diretor da Deic

No final da tarde de ontem, o delegado Laurito Akira Sato, 36 anos, falou ao Diário Catarinense sobre os impasses na Deic. Leia os principais trechos da entrevista.

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Diário Catarinense – Qual a sua avaliação sobre a falha administrativa (desvio de diárias) do delegado Monteiro?

Akira Sato – Estou fora desse contexto, não me inteirei desse fato e não tive leitura pessoal do que ocorreu, só pelos jornais.

DC – Como se sente assumindo em meio à crise política na segurança?

Sato – Fui muito bem recebido pelos colegas. Para mim, não vejo momento de crise. Pelo contrário. Depende do bom senso de cada policial. Crise é se tivesse esse embate com todos os nossos policiais. Todos estão ao meu lado e de acordo com nossa gestão.

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DC – Alguma mudança?

Sato – Não, inicialmente não vai ter qualquer mudança. O secretário e o delegado-geral deixaram carta branca para a gente fazer qualquer mudança na administração. Só que é uma questão de análise, de fazer uma gestão e depois de verificar se houve resultado.

DC – Comenta-se nos bastidores que o sistema Guardião (para escutas telefônicas) estaria sendo removido da Deic para a diretoria de inteligência. Qual sua opinião sobre isso?

Sato – Opinião é profissional: até hoje, pelo que eu conheço, não houve qualquer vazamento de informação. Pelo contrário, existe excesso de zelo e sigilo. Não tem porque tirar. Com certeza não vou medir esforços para que fique aqui.

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DC – Há também comentários de que a sua vinda para a Deic seria para diminuir a força política do delegado Renato Hendges…

Sato – De forma alguma. Ele fica na Antissequestro. Tenho um apreço muito grande por todo o trabalho dele nesses 30, 40 anos em que ele está aqui. E a gente só vai vir para somar e pedir empenho de todos os policiais. Quanto ao embate político, eu estou totalmente fora desse contexto.

DC – Como acabar com essa onda de ataques a caixas eletrônicos?

Sato – As investigações estão em andamento e em ritmo acelerado. Estamos reforçando o número de policiais e, em curto espaço de tempo, daremos resposta à altura.

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DC – O senhor vem de fora do Estado (ele é de SP, chegou a SC em 2006 e estava na Força Nacional em Brasília). Como pretende se inteirar sobre a criminalidade em SC?

Sato – Eu estou há seis anos aqui. Só fiquei um ano fora. Não tenho pleno conhecimento regional, cultural aqui, mas estatisticamente e da questão criminal, a gente está por dentro diariamente.