Em entrevista realizada nesta quinta-feira, em Joinville, sobre a operação que prendeu torcedores envolvidos na briga na Arena nos três Estados, o delegado Luis Felipe Fuentes e o promotor Ricardo Paladino afirmaram que 31 pessoas já foram denunciadas pelo Ministério Público. E este número deve aumentar. Eles garantem que a investigação continua e esperam que presos fiquem em Joinville.

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Confira a entrevista

Qual foi a participação dos dois presos em Joinville e Blumenau?

Delegado Luis Felipe Fuentes – O torcedor preso em Joinville é nascido daqui, mas tem familiares no Paraná e participa da torcida organizada do Atlético-PR. Ele se envolveu na pior parte do confronto. O de Blumenau é da torcida organizada do Vasco, ele já tinha participado de outras brigas em jogos de futebol.

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Quantas pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público?

Promotor Ricardo Paladino – Até o presente momento, dentre aqueles que já estão presos e os que estão com mandados de prisão a serem cumpridos, são 31 pessoas. Para todas elas o Ministério Público já formulou denúncia, sendo que 19 são do Atlético-PR e 12 do Vasco da Gama.

Mais alguma denúncia pode ser feita pelo neste caso?

Promotor Ricardo Paladino – O trabalho de investigação não se encerra hoje. Aquelas pessoas que cometeram atos de barbárie na cidade de Joinville e que não foram identificadas até o momento também serão alvos do aprofundamento das investigações e da mesma forma que as demais podem ser processadas criminalmente.

Esse caso pode ser considerado um marco para simbolizar a intolerância de briga em estádio?

Promotor Ricardo Paladino – A Policia Civil dos três Estados desenvolveu um excelente trabalho de investigação. Entendo que serve sim como um marco para demonstrar que não haverá mais tolerância a esse tipo de comportamento dentro dos estádios de futebol. As pessoas que se envolveram nessa confusão vieram pra cá com o nítido propósito de cometer crimes. Tanto é verdade isso que boa parte da torcida não se envolveu no tumulto e gritava das arquibancadas “vergonha, vergonha, vergonha” repudiando aqueles atos que estavam sendo cometidos. A única solução para se coibir esse tipo de comportamento é efetivamente a prisão dos criminosos. A gente pode falar aqui em suspensão de jogos entre outras medidas previstas no Estatuto do Torcedor, mas quem pratica crimes dessa natureza merece receber o rigor da lei como previsto na nossa legislação e com as penas dos criminosos comuns porque a eles se equiparam.

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A atuação da polícia pode coibir novas brigas como essa?

Delegado Luis Felipe Fuentes – Os crimes cometidos dentro do estádio são os mesmo cometidos fora dele. O torcedor, como está no meio da massa, pensa que a punição não vai acontecer, outro problema é estar longe de casa, ele acha que lá vai poder fazer coisas que não faz no convívio normal. A gente quer que fique bem caracterizado que não haverá nenhum tipo de tolerância, não que antes houvesse, aqui na nossa cidade não havia acontecido algo assim. Um efeito secundário é a mensagem aos nossos cidadãos e nossos próprios torcedores, que, se a Polícia, o Ministério Público e a Justiça de Santa Catarina vão buscar pessoas no Rio, em Curitiba ou onde for, não há obstáculos.

Os presos vão ficar detidos em Joinville?

Delegado Luis Felipe Fuentes – Essa é a intenção, a menos que haja uma determinação judicial em contrário lá. O procedimento normal nosso é trazer as pessoas para a cidade onde aconteceu o fato.

Promotor Ricardo Paladino – esse procedimento facilita até para a própria Justiça, pois não há a necessidade de expedição de carta precatória para outros estados o que poderia fazer com que o processo tivesse um curso prolongado, o que nós não desejamos de fato.

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É possível calcular a pena que essas pessoas podem pagar?

Promotor Ricardo Paladino – É difícil calcular agora, mas no caso da tentativa de homicídio, dadas as circunstancias que foram cometidas associadas aos outros crimes, dificilmente terão as penas inferiores a 10 anos de prisão.

Novas investigações dão conta de que torcedores vieram preparados para a briga.

Promotor Ricardo Paladino – O mais lamentável de tudo é que muitas das pessoas se dirigiram para cá com único propósito de cometer crimes. Há notícias, inclusive, que estão sendo investigadas, de que parte dessas pessoas vieram com protetores bucais típicos de artes marciais, já prevendo confronto com a torcida adversária. Há fotos de algumas pessoas que foram denunciadas hoje nas redes sociais carregando fuzis nas mãos, o que demonstra a periculosidade do comportamento de cada uma delas.