Delegado é indiciado por agredir esposa dentro de casa em SC

Um delegado do Litoral Norte de Santa Catarina foi indiciado por suspeita de agredir a esposa a socos e chutes em Brusque, no Vale do Itajaí. O caso aconteceu em novembro do ano passado, mas as investigações só foram concluídas neste mês. O documento foi encaminhado ao Ministério Público, que definirá se apresentará ou não a denúncia à Justiça. 

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A vítima, Maiara Dallago, 34, diz ter procurado a polícia na terceira vez que sofreu violência. Ela conta que nos dois episódios anteriores as agressões foram menos graves. Perdoou e seguiu com o relacionamento com Rodolfo Farah Valente Filho, de 40 anos. Na última, porém, ao “ver a morte de perto”, como descreveu no relato feito à reportagem do Santa, concluiu que era preciso quebrar o silêncio.

— Começou com uma discussão de casal e terminou com agressões. Ele quebrou meu celular, meu computador e me trancou em casa, mas eu consegui fugir e procurar a polícia com ajuda da minha cunhada — relembra Maiara, que é influencer e empresária na região.

No boletim de ocorrência registrado na noite do dia 10 de novembro, Maiara narrou as agressões a socos, chutes e enforcamento. Ele também teria batido a cabeça dela contra uma parede. As fotos feitas depois do suposto episódio mostraram os hematomas nos braços, boca, pescoço, pernas e nariz.

Maiara e o delegado de Polícia Civil da Comarca de Balneário Piçarras ficaram juntos por um ano e oito meses. Pouco tempo após o namoro começar, oficializaram a união estável e compraram uma casa juntos. A influencer garante que antes de morarem sob o mesmo teto o relacionamento era saudável, apesar de ter reparado nos sinais de agressividade do companheiro em relação a outras pessoas.

— Quando a gente foi morar junto tudo mudou radicalmente. Eu não podia contrariá-lo que gerava discussão, gritos… — descreve.

Junto ao boletim de ocorrência por lesão corporal decorrente de violência doméstica houve o pedido de medida protetiva, que foi deferido pela Justiça. Agora, Maiara espera o andamento do processo.

— [Se eu pudesse dar um conselho a outras mulheres] seria o de observar. Observe se a pessoa tem equilíbrio emocional, financeiro, familiar. Como se comporta com os outros, com a própria família — aconselha.

Caso está no MP

O delegado responsável pelo caso, Matusalem Machado, não deu detalhes do inquérito por se tratar de um procedimento sigiloso e que, “de alguma forma, os nomes das pessoas envolvidas tornaram-se públicos”. Ele confirmou apenas que o documento foi finalizado no último dia 3.

A 4ª Promotoria de Justiça de Brusque também não se manifestou pelo mesmo motivo da necessidade de segredo de Justiça. A assessoria informou que não há prazo para a denúncia ser analisada e apresentada ao Judiciário (ou arquivada).

Contraponto

O advogado do delegado, Alex Romito, explica que a defesa ainda não teve acesso ao indiciamento para poder se manifestar com mais clareza. No entanto, garante que houve apenas uma “discussão de casal e um celular quebrado” e invenções por parte da mulher. 

— Todas as situações que ela narrou estamos derrubando uma a uma e vamos derrubar essa também, porque não houve crime — diz o defensor. 

Alex cita como exemplos um pedido da defesa de Maiara de retirar o porte de arma do delegado, que foi recusado pelo juiz, e uma prova de que a própria vítima teria descumprido a medida de afastamento.

A Polícia Civil também foi questionada, entre outros, sobre a abertura de algum procedimento interno por conta da investigação, mas respondeu que “não vai se manifestar em razão do sigilo que envolve a apuração e informa que todas as medidas a respeito foram tomadas”. 

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