O delegado da Divisão de Homicídios da Polícia Civil de Joinville, Paulo Reis, não acreditou totalmente na versão apresentada pelo segurança Leandro Emílio da Silva Soares, 26, sobre a morte da universitária Mara Tayana Decker, 19 anos. O suspeito confessou o crime em depoimento na noite desta segunda-feira, mas foi contraditório em vários detalhes sobre a história que causou comoção na região Norte do Estado.
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– Ele criou uma versão fantasiosa que não bate com a realidade -, explica o delegado.
O segurança afirma que enforcou a jovem com uma gravata na madrugada de quinta-feira dentro na própria casa no bairro Guanabara, zona Sul, onde o corpo da vítima foi encontrado na manhã de sábado.
– Primeiro, ele disse que agarrou a moça pelo pescoço com o braço, com um golpe conhecido como gravata. Em seguida, ele a enforcou com a gravata de tecido que faz parte do uniforme de trabalho -, descreve o delegado.
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Depois de matá-la, Soares tirou a roupa de Mara para esquartejá-la e colocá-la dentro de uma mala, mas desistiu ao, segundo ele, ‘cair na realidade’. Ainda na madrugada de quinta-feira, alegou que saiu de casa sem rumo e só lembra de ter ido até a divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas não sabe dizer como chegou lá e para onde foi depois.
A história contada pelo segurança também deixa dúvidas sobre o relação dele com a vítima e principalmente o trajeto que eles percorreram na madrugada de primeiro de maio. Soares afirmou que trabalhou das 19h de quarta-feira até a 1h de quinta-feira em um bar e que depois do expediente saiu com um colega de trabalho para curtir a noite no Didge, na rua Visconde de Taunay, área central. O conflito entre eles teria começado no bar, onde ela estava com amigos. Ele disse que foi xingado por Mara porque a jovem comprou uma briga dele e da ex-mulher.
– O suspeito diz que a Mara ficou sabendo que ele havia agredido e ameaçado matar e esquartejar a ex-mulher e guardá-la numa mala – destaca o delegado.
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Soares contou que viu a vítima com a ex-mulher no Mercado Municipal em Joinville há cerca de um mês. Depois disso, ele contou que encontrava Mara em bares noturnos da cidade. No entanto, a ex-mulher dele não falou que conhecia a vítima quando prestou esclarecimentos à polícia na manhã desta segunda-feira.
As imagens da câmera de segurança do bar mostram o segurança saindo do estabelecimento por volta das 3 horas e, dois minutos depois, a jovem saindo atrás. Soares relata que caminhou até próximo à rua Doutor Roberto Koch, perto do Hotel Tannenhof, e voltou para a Visconde de Taunay porque não encontrou um táxi. Segundo ele, a jovem continuou o perseguindo e jogando pedras de gelo nas costas dele.
– Ele diz que levou um tapa no rosto de Mara quando parou para entrar no táxi. Ele alega que ficou nervoso, puxou o cabelo dela e a colocou à força no carro.
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Em depoimento, o segurança afirma que foi discutindo com a universitária no caminho, mas que ela saiu do carro por vontade própria para entrar na casa dele. Segundo o delegado, foi neste instante que o crime ocorreu.
Contradições
– Garrafa ou copo: Suspeito diz que a vítima o seguiu e jogou pedras de gelo que estavam em um copo, mas as imagens das câmeras de segurança mostram Mara saindo com uma garrafa na mão.
– Táxi: Segurança afirma que a jovem deu um tapa no rosto dele e por isso ele puxou o cabelo dela e a colocou à força no carro. Ele explica que os dois foram discutindo no banco de trás do veículo. Já o taxista conta que eles entraram normalmente dentro do veículo – ele se sentou no banco da frente e ela no de trás – e se não brigaram.
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– Amiga da ex-mulher: Soares diz que conheceu a vítima há um mês, quando ela estava com a ex-mulher dele no Mercado Municipal. No entanto, a ex-mulher dele não falou que conhecia a vítima quando prestou esclarecimentos à polícia.