Com a certeza de que houve consumo excessivo de álcool e embriaguez, a Polícia Civil começou a ouvir os envolvidos na confusão no trapiche de Canasvieiras que acabou em morte, no domingo, em Florianópolis.

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Há duas investigações em andamento: um inquérito policial na 7ª Delegacia de Polícia, em Canasvieiras, e um inquérito policial militar na Corregedoria da Polícia Militar.

O corpo de Crislândia Solidade dos Santos, 27 anos, foi enterrado à tarde. Natural de Ilhéus, na Bahia, ela foi atingida na perna por um policial militar após tomar dele uma espingarda calibre 12 de bala de borracha.

O delegado da 7ª DP, Ilson Silva, disse estar convicto que toda a confusão aconteceu depois que os participantes da festa em uma escuna ingeriram grande quantidade de álcool e estavam embriagados.

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O policial pretende desvendar as razões das brigas que antecederam à morte de Crislândia e também as circunstâncias em que ela tirou a arma que estava em poder dos PMs.

Segundo o delegado, estão presas em flagrante três pessoas por tentativa de homicídio, resistência e desacato aos policiais militares, chamados ao local após uma série de desentendimentos à tarde, na região próxima ao trapiche.

Entre os presos, dois são familiares de Crislândia, o marido dela, Deymeson Quelmy de Oliveira, e o irmão dela, Carlos Alexandre Solidade. Eles também ficaram feridos e após receber alta serão ouvidos pela polícia e encaminhados ao sistema prisional, conforme o delegado.

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– O motivo concreto de toda a confusão vamos apurar. Mas o certo é que tudo aconteceu por causa de embriaguez, excesso de álcool no que era para ser uma festa de confraternização e acabou em tragédia – disse o delegado.

O DC apurou que as brigas começaram ainda na escuna depois que supostamente teriam regulado a quantidade de carne e cerveja. Na praia, depois do retorno do barco, teria havido uma nova briga, desta vez porque terceiros teriam furtado cerveja. Uma terceira briga aconteceu após suposto lançamento de fogos de artifícios na praia.

Um levantamento das pessoas que participaram da festa está sendo feito pela Polícia Civil para que as pessoas possam ser convocadas a prestar depoimento. Os PMs também serão ouvidos. O prazo para a conclusão da investigação é de 30 dias. Ao final, o delegado vai enviar cópia do inquérito à Delegacia de Homicídios e também à própria PM.

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Familiares e amigos questionam prisões

Familiares e amigos de Crislândia Solidade dos Santos estiveram na 7ª DP, em Canasvieiras, na tarde desta segunda para protestar contra as prisões dos três envolvidos na confusão. Segundo eles, não houve tentativa de homicídio contra os PMs.

O grupo também estava revoltado com a cena do preso Carlos Alexandre Solidade dos Santos algemado no banheiro da delegacia, à tarde.

– É um absurdo ficar jogado assim no banheiro – lamentou Cristiane Solidade, irmã do detido.

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O delegado Ilson Silva disse que Carlos ficou pouco tempo no banheiro em uma situação provisória para a proteção pessoal do próprio preso.

A família contratou um advogado, que deverá entrar com habeas corpus na Justiça em busca da soltura dos presos.

PMs falam em legítima defesa

Os dois policiais militares que participaram diretamente do atendimento à ocorrência que terminou com a morte de Crislândia Solidade dos Santos disseram ter agido em legítima defesa, de acordo com o Centro de Comunicação Social da Polícia Militar.

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O DC tentou ouvi-los nesta segunda no 21º Batalhão da PM, onde trabalham, mas sem sucesso. A tenente-coronel Claudete Lehmkuhl, chefe da Comunicação da PM, disse que os PMs chamaram reforço e também o socorro médico à Crislândia, ferida por um disparo de um dos policiais depois que tirou dele uma espingarda.

– Agora é normal várias teorias e possibilidades. Mas o inquérito vai apurar isso tudo – disse Claudete ao comentar a revolta dos familiares de Crislândia.